quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os Boiadeiros na Umbanda Branca

Por: Gregorio Lucio 

Outra corrente muito atuante na Umbanda, principalmente nos terreiros localizados na região sudeste e sul do Brasil, os Boiadeiros representam uma ampliação da simbologia espiritual do Caboclo. As manifestações dessa corrente, historicamente, remontam a um período anterior aos Baianos e aos Marinheiros, pois diziam respeito, na sua expressão, ao arquétipo do homem sertanejo, o primeiro descendente da mistura do homem branco com o índio, na fusão de raças que ocorreu em nosso país.

Os Espíritos que se ligam às correntes dos Boiadeiros trazem os símbolos que representam indivíduos que quando em vida participaram da vida no campo, no trato com a terra e com o gado. Simbolizam a figura do homem rude e humilde, de mãos calejadas e caráter austero. Sabemos também que os espíritos boiadeiros dizem respeito a todos os povos das estradas, aqueles em cuja história migraram por regiões as mais diversas, enquanto consolidavam sua trajetória e estruturavam as suas bases sociais. Temos notícia destes povos desde as épocas bíblicas, conforme podemos no lembrar da história de Moisés e a peregrinação pelo deserto com todo o povo Hebreu, em busca de Canaã, a terra prometida. 

Em muitos terreiros, os Boiadeiros são entendidos como sendo regidos por Ogum e Iansã, mas há também Casas em que estes se identificam com São Benedito, São João Menino, São Cipriano, Nossa Senhora Aparecida, Santa Ana, entre outros Santos e Orixás. Existem terreiros em que a corrente dos Boiadeiros é confundida com a dos chamados Mineiros, que seriam manifestações espirituais muito parecidas. 

Uma característica muito marcante entre os Guias e Protetores pertencentes a essas correntes é que eles seriam Espíritos detentores da Doutrina espiritual. Por conta disso atuam diretamente sobre os espíritos que vagam perdidos, desorientados ou que estejam ligados à pessoas, famílias ou coletividades, causando perturbação, doenças e outras influências negativas. Também por isso, regidos pelos Mentores que atuam sobre a aplicação das Leis de Ação e Reação no Mundo Espiritual, estes trabalhadores são exímios conhecedores das demandas espirituais e se encarregam da proteção das “costas” dos médiuns, dos terreiros a que estejam vinculados, assim como de lares e coletividades inteiras. 

Podemos entender essa questão ao analisarmos as simbologias que são trazidas em seus Pontos Cantados e nas “ferramentas” (laço, chicote, berrante, espora, capote, etc.) que estas entidades expressam quando estão trabalhando na gira ou quando se fazem notar pela clarividência. O “boi”, a “boiada”, representam as situações graves, as demandas espirituais a que estes Guias estão incumbidos de suportar e dominar, exercendo total controle e comando, por ação de sua força espiritual e de sua fé irretocável. De igual forma, o “garrote perdido”, imagem muito recorrente em diversos Pontos Cantados, representa o trabalho do Boiadeiro de atuar sobre os Espíritos perdidos, obsessores, quimbandeiros, que estejam ameaçando a integridade das pessoas ou o ambiente espiritual dos trabalhos dentro do Templo umbandista, afastando-os ou exercendo domínio sobre estes, para que sejam encaminhados as zonas espirituais que lhe sejam de merecimento, o que tanto pode ser para uma Caravana de Resgate quanto para as regiões de escuridão da onde vieram, caso não estejam ainda em condições de receberem auxílio direto. 

Outras referências que estão muito presentes no imaginário que envolve e compõe a mística em torno dos Boiadeiros são os elementos da Natureza e a sua manipulação pela ação do trabalho do homem. Terra, Arado, fogueira (fogo), chuva, geada, matas, as estradas, os moinhos, representam o domínio que estes Espíritos tem na manipulação das energias naturais e o conhecimento que eles tem sobre a ação do tempo, principalmente no que se refere à Lei de Ação e Reação, a Lei do Retorno. 

As Correntes dos Boiadeiros, ao contrário do que muitos pensam, não são compostas somente por espíritos masculinos, mas também pelas Boiadeiras, expressões femininas dentro dessas Legiões de Luz. Embora sejam raríssimas as Boiadeiras, são as Amazonas, e estas também atuam trazendo sua força espiritual para junto de seus protegidos e para os templos a que estejam ligadas. Conhecem rezas fortes, e realizam evocações sublimes dos seres da natureza, conhecem benzimentos centenários e, conforme já o dissemos, possuem grande conhecimento das Leis que regem o Mundo Espiritual. 

Dessa forma, são os Boiadeiros aqueles que lidam na linha de frente nos choques com as energias maléficas que são emanadas das falanges que habitam nas Trevas. São eles quem primeiro descem às estradas desertas das regiões de dor e sofrimento para levarem auxílio e resgatar os que se arrependem e despertam de seus tormentos na dimensão espiritual. Assim como também são eles que estão encarregados de frear e deter incisivamente a ação daqueles que almejam o mal do próximo utilizando-se da violência direta ou das armadilhas sutis da maledicência, da mentira e da injúria. 

Como resultado de sua ação nas dimensões do trabalho espiritual, enquanto atraem e isolam entidades negativas, os Boiadeiros desmancham acúmulos negativos que estejam no ambiente, nos corpos dos médiuns e das pessoas na assistência, as quais tenham sido gerados pelo contato com a aura enferma destas entidades perturbadoras. 

Do ponto de vista psicológico, lembramos sempre que todas os Guias Espirituais, ao comungarem das irradiações dos pensamentos que são trocados entre eles e nós, seus médiuns, agem como impulsionadores, como motivadores do despertar de nossos próprios conteúdos positivos, que muitas vezes permanecem inconscientes, despercebidos em nós. Assim, os Boiadeiros contróem, ao longo do transe que dão a seus médiuns, ideias e imagens que despertem a Fé em Deus e na Vida como um todo, a Firmeza de Propósitos, a Clareza de Objetivos, a necessidade da Disciplina para conquistar a mudança de que necessitamos, depositando e deixando conosco a Luminescência de sua irradiação vigorosa, deixando despertos em nossa consciência os pensamentos que nos incentivem na conquista de posturas positivas de seriedade, de respeito e nobreza de caráter, cujo valor é claramente reconhecido e admirado por esses Guias da Aruanda Maior. 

Pelo seu caráter Aguerrido, sua Perseverança, sua Fé inabalável, estão sempre próximos de nós, em pensamento, nos incentivando em nossas orações, incentivando que vigiemos os nossos pensamentos e atitudes, sempre sustentando nossas rogativas de paz, amor, sabedoria e serenidade, para que estas possam chegar ao Coração de Nossa Senhora, em sua benévola intercessão junto a Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Vibremos e Oremos junto destes Irmãos da Vida Maior, sempre sabedores de que “com Boiadeiro não se brinca”. 

Jetruá Boiadeiro! 

Saravá a todos!

terça-feira, 30 de julho de 2013

A Visão de um Adepto: Do uso (ou não) da Mediunidade

Por: Gregorio Lucio 

Não praticar a mediunidade, dentro do “compromisso” assumido no mundo espiritual, acarreta doenças e desajustes espirituais? 

Outro mito muito popular no imaginário das religiões mediúnicas (notadamente o Kardecismo e a Umbanda), assim como o mito da tal “Mediunidade Inconsciente”, conforme já o tratamos em outro texto, essa questão do não uso (ou do afastamento da prática) da mediunidade gera muitas dúvidas e conflitos de ordem psicológica em tantas pessoas que, apesar de desejarem uma maior aproximação com o meio religioso kardecista ou umbandista, veem-se tomadas por reticências e por resistências. Naturalmente, essa compreensão - um tanto castradora, diga-se de passagem - remete a uma certa sensação ou impressão de “prisão” que vincula o indivíduo, “ad eternum”, à necessidade de “praticar a caridade” por meio da mediunidade e servindo aos “espíritos, Guias e Mentores”. 

Então, se eu não aceitar para mim a prática mediúnica, eu terei problemas na minha vida? Ou, se após eu ter aceito a mediunidade, desejar, por circunstâncias as mais diversas (desencanto com a religião, mudança de religião, ir morar no exterior onde não há terreiros e centros espíritas, motivos profissionais, de saúde, familiares, etc.) afastar-me, mesmo que temporariamente, eu terei problemas? Minha vida vai “andar pra trás”? 

Absolutamente, não. 

Até por que precisamos pensar seguindo uma linha de coerência, não é? 

Como é que podemos dizer que o trabalho mediúnico é voltado para a tarefa de promover a Caridade, o Amor ao Próximo, o Bem Maior, o Consolo, a Esperança, a Orientação Saudável e Desinteressada, etc...e estarmos, nós mesmos, que nos dedicamos a esse “trabalho”, presos a algemas das quais não podemos nos libertar? Será que Espíritos de Luz, Mensageiros da Paz e do Amor, nos querem presos a eles, como escravos algemados a um “contrato assinado” em um momento que sequer podemos nos lembrar pois segundo dizem, seriam compromissos assumidos antes de reencarnarmos? 

Estarmos ligados a tarefa da Caridade significa participarmos e compartilharmos ativamente da prática dos princípios do Evangelho do Cristo. É “estarmos em Cristo”, conforme Ele mesmo houvera dito. E, então, estar em Cristo é estar preso, amarrado e destinado a sofrer, caso eu deseje outra coisa para a minha vida? Claro que não. 

Todos esses mitos surgiram no passado cada vez mais distante, em que havia muito pouco conhecimento acerca da Mediunidade, dos seus efeitos, dos proveitos que dela podemos usufruir, não só para contribuir com a ajuda ao próximo, mas também para nosso próprio benefício, em vista de como o exercício da mediunidade e da prática religiosa pode influir saudavelmente em nosso organismo físico e em nosso estado psicológico. Já existem vários estudos, inclusive, realizados por universidades do Brasil e do Exterior a respeito dos benefícios da prática mediúnica. 

Acredito que tudo evolui. Aquilo que no passado se encontrava na sombra da crendice, pela limitação do próprio conhecimento dos homens, vem, aos poucos, se iluminando, se esclarecendo, devido a evolução do conhecimento a respeito das questões espirituais. Isso ocorre tanto da parte do homens que passaram a estudar esses temas, mas também por parte dos próprios Mentores que trazem conhecimentos novos e elucidativos a respeito da mediunidade. 

Devemos entender que a Mediunidade não é um “dom”, assim como também não é um “estigma”. Não é uma graça que nos deixa melhor do que os outros, nem uma punição que nos rebaixa a condição de escravos do mundo espiritual. 

Portanto, devemos passar a compreender que a Mediunidade é uma Faculdade Mental. É um recurso extremamente valioso que temos à nossa disposição para ampliarmos, por meio da sua prática consciente e bem orientada, o nosso discernimento a respeito de nós mesmos, nosso auto-conhecimento, e também ampliarmos nossa visão a respeito da Vida e da realidade que nos cerca. Serve para deixarmos de olhar somente para nós mesmos, e passarmos a reconhecer os outros, as dores dos outros, as aflições dos outros, as doenças dos outros, as limitações dos outros e verificarmos que, assim como nós, existem outras pessoas que também sofrem, têm dúvidas, conflitos, limitações e que devemos nos ajudar, mutuamente, para que consigamos passar por nossas provas. A mediunidade nos ajuda a entendermos o quanto ligados e dependentes (não escravos) uns dos outros nós somos. 

Até por que nós só podemos ter uma atitude verdadeira de compaixão, caritativa, de companheirismo, etc., quando nos reconhecemos exatamente na mesma condição que os outros. Se nos julgamos acima, por que “somos médiuns”, nossa atitude será de orgulho somente ou, no mínimo, de indiferença. 

Outra Faculdade Mental que tem os mesmos efeitos que a Mediunidade, no que se refere ao auto-conhecimento, discernimento das conexões que temos com a vida, etc., é a Meditação. 

Então, a Mediunidade é um recurso que nos está à disposição para utilizarmos, caso seja de nossa escolha. Mas, e se eu não quiser me servir da Mediunidade? 

Bom, primeiro precisa se considerar o seguinte ponto. Você sente sinais da mediunidade em você? Já teve visões, sensações características, ouviu algo incomum, pressentiu acontecimentos, se sentiu doando energias para alguém ou algo do tipo, já se sentiu com a personalidade alterada? já foi, de fato, tomado para um impulso de comportamento alheio à sua vontade? Se já, com que frequência? Por que, também tem isso, muita gente acha que é médium por que alguém falou que ela era médium...mas a pessoa nunca sentiu nem um arrepio que fosse, nem de frio... 

Se a pessoa não utiliza o recurso da mediunidade, ocorre da mesma forma que uma pessoa que tem audição normal e coordenação motora adequada, mas que não se interessa por aprender música, por exemplo. Ela continua ouvindo e conseguindo controlar seus braços, mãos, pernas, sua voz, etc. Mas ela não é capaz de tocar um instrumento musical, de ouvir uma música e conseguir distinguir o som próprio de cada instrumento, não é capaz de perceber se o cantor desafinou, se tem um instrumento fora de compasso, etc. Ou seja, ela tem uma percepção mais ou menos limitada em relação a música. Ela entra em contato com a música, mas sua percepção fica limitada. Ela pode até ficar com dor de cabeça por causa da música que ela está ouvindo, mas como não aprimorou sua sensibilidade, ela não sabe dizer ao certo por que está com dor de cabeça ou porque quando ouve aquela música se sente mais leve, mais feliz, mais serena, etc. Da mesma forma, se ela não aprimora sua sensibilidade espiritual, por meio do exercício mediúnico, ela entra em contato com o mundo espiritual (por que nós nos encontramos envoltos pela realidade espiritual), sente a sua influência, positiva ou negativa, mas também não é capaz de distinguir aquilo que a está fazendo bem ou não. Ela entra num ambiente, se sente mal, mas não sabe dizer o porquê. Ela fala com uma pessoa, se sente bem, mas não sabe identificar, etc.. 

Há uma outra situação que é a de quando a pessoa tem uma sensibilidade já aguçada, seja porque ela floresceu na pessoa em dada fase da vida, ou por que a pessoa já vem exercitando a mediunidade e aí, por diversas situações possíveis, ela deseja se afastar desta prática. 

Nesse contexto, precisamos compreender que a mediunidade funciona em nós como algo dinâmico e pulsante. A mediunidade movimenta nossos conteúdos psicológicos, aguça nossa sensibilidade, amplia nossas percepções. É como uma correnteza que flui com intensidade e que precisa ser canalizada, caso a pessoa se decida a mudar de rumo. Dessa forma, é muito comum a pessoa com uma sensibilidade espiritual, mas fora da prática mediúnica, destinar suas energias para a área das artes, da pintura, da poesia, da música, da atividade esportiva, da medicina, da educação, da psicologia, da ação solidária, da Meditação, da Yoga, do Tai Chi, do Johrei, etc. 

Da mesma forma, quando transferem-se de religião, as pessoas podem aplicar a sua sensibilidade em atividades pertinentes que são executadas neste novo ambiente em que passam a frequentar. Participam de corais, de grupos de oração, de grupos de meditação, grupos de novenas, etc. A sensibilidade da pessoa irá encontrar uma forma de se expressar, mas, naturalmente, o canal mediúnico irá se “fechando”, pois é como se, podendo enxergar, a pessoa não o quisesse e insistisse em manter seus olhos vendados. Ou, podendo movimentar um braço, ela o amarrasse. Aos poucos, começa a ocorrer a anulação daquela função já adquirida, entretanto, no caso da mediunidade, sem o prejuízo para o organismo, conforme aconteceria com uma pessoa que se cegasse ou atrofiasse um braço. 

Quando tratamos do termo “compromisso mediúnico”, precisamos compreendê-lo como uma escolha consciente, tomada após um processo de amadurecimento da pessoa, a qual se decide por seguir um caminho de busca espiritual. E, naturalmente, como qualquer compromisso que assumimos, hoje, agora, nesta vida, conscientemente, nós não podemos simplesmente “virar as costas” quando mudamos de ideia, nos arrependemos, ou o desejamos, seja por qual motivo for. Mas isso não é um problema da mediunidade. É um problema da Vida. O que vai imperar nesse caso é a Lei da Consciência. As Leis de Deus estão inscritas na Consciência de cada um. Por mais que a pessoa tente disfarçar, lá no fundo tem uma “voz” que a lembra das escolhas que fez. 

Nós podemos simplesmente virar as costas para o nosso trabalho profissional e ir embora, por mais descontentes que estejamos? 

Nós podemos simplesmente virar as costas para a nossa família e “sair andando”, como se as pessoas que estão em nosso lar não fossem nada? 

Nós podemos abandonar um companheiro, um amigo, um(a) namorado(a), após termos nos vinculado a eles sem maiores comprometimentos? 

Nós podemos simplesmente virar as costas para a religião que escolhemos seguir, sem nos achar compromissados com nada nem ninguém? 

Qualquer pessoa que esteja de posse da sua saúde psicológica sabe que não podemos fazer isso. A não ser pessoas que estão doentes psicologicamente é que são capazes de virar as costas para os compromissos que assumem e simplesmente abandoná-los sem a menor “dor” na consciência. 

Todo compromisso assumido gera responsabilidade. Isso é da Lei da Vida. 

Toda Responsabilidade reconhecida se instala na Consciência de todo Ser Humano. 

Assim, quando o indivíduo deseje se desvincular da mediunidade, o que ele deve, primeiramente, é saber se conduzir éticamente. Exponha o seu desejo, comunique sua vontade e peça a licença para se afastar, com maturidade, para os responsáveis pela Casa que frequenta. Tenha em mente que os maiores laços que nós construímos na Vida, são os laços humanos, e não podemos nos desfazer das pessoas como se elas não tivessem significado nenhum. Esteja aberto para ser compreendido, ou não, pois da mesma forma que você, a pessoa do outro lado também é um ser humano e nem sempre toma a melhor atitude para todas as situações. Procure não falar mal do lugar que o acolheu, tão pouco das pessoas que seguiram ao seu lado, durante o tempo em que lá permaneceu. Não tome decisões guiado pela emoção do momento. Ore, reserve para si alguns dias para refletir a respeito. Veja se são justas a suas alegações e coerentes os seus motivos. 

Digo isso porque é da Lei, pela sua própria Consciência, que a pessoa que não sabe se conduzir e rompe seus laços com violência, com maledicência, com ingratidão, com abandono, etc., seja colocada novamente diante daqueles a quem se vinculou para resgatar com harmonia e maturidade os deveres que assumiu espontaneamente. E, ao se recusar e insistir nesta postura, a própria consciência da pessoa vai colocando-a em situação de sofrimento, de angústia, por que não se permite reconhecer que não soube comandar os seus passos pelos caminhos que deveria trilhar numa experiência de felicidade e de gratidão. 

E isso, como o dissemos, não é uma consequência da mediunidade ou uma punição dos Guias e Mentores de Luz. É uma consequência que vem pela nossa própria consciência, seja em qualquer lugar ou com qualquer compromisso sério que assumimos ao longo da nossa vida. Saiba que não é o fato de mudar de religião ou desejar se desvincular da mediunidade que o fará sofrer, mas é a maneira pela qual você se conduzirá neste processo. 

Gratidão sempre! 

Que o Mestre Jesus nos abençoe!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Visão de um Adepto: Correntes e Fraternidades Médicas

Por: Gregorio Lucio 

Complementando o artigo que publiquei ontem ( Sustentação no Trabalho Espiritual ), gostaria de desdobrar um assunto no qual toquei, referente a utilização dos pensamentos positivos que são irradiados ao longo dos trabalhos espirituais. 

Desta vez, irei focar esse texto para responder duas dúvidas muito comuns que muitas pessoas possuem: 
  • Como os Guias e Mentores de Luz tratam das pessoas necessitadas, ministram remédios e, até mesmo, “operam” enfermos? 
  • Como os Guias e Mentores de Luz fazem o tratamento de doentes (já desencarnados) e espíritos sofredores no mundo espiritual? 
Bem, primeiramente é extremamente oportuno esclarecer que o objetivo dos Mentores de Luz, dentro das correntes médicas e das Fraternidades dos Médicos do Espaço, não é o de concorrer com a medicina da Terra, tirando a sua importância. E nem é a sua tarefa principal a de propiciar a cura das doenças que acometem o corpo físico. Todo e qualquer paciente que sofre de qualquer mal, tanto orgânico quanto psicológico, deve ser orientado a buscar o tratamento clínico e terapêutico conveniente, com os profissionais adequados. 

Quando as curas do corpo material ocorrem por intermédio destes Benfeitores, isso acontece, na maioria das vezes, para que sejam postos à prova os preconceitos e o ateísmo de muitas pessoas (e do próprio doente, quando é o caso) que ainda desacreditam da existência da Vida no Mundo Espiritual e, principalmente, dos que não acreditam na Providência Divina. Os Guias e Mentores de Luz buscam, primordialmente, fortalecer espiritualmente os enfermos, direcionando recursos terapêuticos para tratar das cicatrizes no Corpo Espiritual dos pacientes, restaurar, dentro do possível, as matrizes energéticas que regulam o funcionamento do organismo espiritual e, consequentemente, diminuir o sofrimento, as dores e o desconforto no corpo físico, o qual é [o corpo físico] uma extensão direta do Espírito. 

Os Benfeitores formam e coordenam no Plano Espiritual, grandes agrupamentos de Espíritos que foram, em todas as épocas da Humanidade, ligados à prática da medicina e da cura, de uma maneira geral. Estes Seres de Luz, formam as Correntes e Fraternidades dos Médicos do Espaço. Dois de seus principais e mais conhecidos Mentores são: José de Arimatéia e Dr. Bezerra de Menezes. Junto destes, vários outros, anônimos ou não (sejam espíritos militantes das correntes kardecistas ou das correntes de umbanda) desenvolvem no Plano Espiritual um trabalho de acolhimento e tratamento de doentes, tanto encarnados quanto desencarnados. 

Meu objetivo não é o de tratar das questões de saúde-doença, neste texto, mas vale colocar que muitas pessoas conservam uma visão um tanto equivocada, de que ao desencarnar um doente liberta-se integralmente do mal que o acometia, uma vez que ocorreria a “libertação” do Espírito. Em realidade, isso é uma regra que se aplica somente àqueles enfermos que tenham a sua doença como originária de um processo de expiação (como, por exemplo, as crianças, em tenra idade, vítimas de doenças graves) e aqueles que tenham sabido se conduzir saudavelmente e com maturidade perante o seu estado doentio (sabendo lidar com suas dores, aflições e até mesmo o sentimento de inconformação e revolta por se encontrarem doentes). 

Entretanto, sabemos que muitos enfermos são vítimas de seus próprios maus hábitos e excessos, sejam de ordem material (alcoolismo, tabagismo, alimentação desregrada, narcodependência, etc.), sejam de ordem psicológica (agressividade, violência, irritabilidade, revolta, inconformação, sexolatria, etc.) os quais acabam ocasionando, direta ou indiretamente, os fatores que os predispuseram a padecer o adoecimento do seu corpo físico. Nestes casos, ao desencarnar o paciente leva consigo as “raízes” da doença, gravadas em seu corpo espiritual. Isso por que a origem do estado doentio se encontra vinculada ao estado psíquico desarmonizado do paciente, o qual, enquanto não for tratado adequadamente, continuará promovendo distúrbios (se não aqueles de que hoje padece, outros que poderão se formar). Em casos mais graves, é necessário que ocorra o expurgo da doença que desestrutura e macula o corpo espiritual, e essa somente se dá pelo processo da reencarnação, na qual o ser trará consigo um mapa genético, em partes herdado de seus pais, que estabelecerá em seu corpo material as condições para que ocorra tal “depuração” de seu corpo espiritual. Daí surgem, sob o ponto de vista espiritual, as más-formações, a anencefalia, as tumorações no período perinatal, as diversas síndromes de ordem genética e outros males congênitos. 

Por conta disso, os Mentores de Luz, sob a Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, formam legiões inteiras de socorro e amparo a todos nós que tanto necessitamos de suas mãos amigas e de suas irradiações luminosas, necessitados que ainda nos encontramos de vencermos a nossa própria ignorância diante da Vida e que tanto nos conduz ao sofrimento. Dando cumprimento a que ninguém seja abandonado, por mais responsável que seja pela sua própria desdita, esses Samaritanos desenvolvem suas tarefas não só dentro dos Templos de Umbanda e dos Centros Espíritas, mas também e, principalmente, dentro dos Hospitais, Clínicas, nas ruas, nas Penitenciárias, nos Asilos, enfim...em todo lugar em que haja um leito de dor ou alguém necessitado de amparo e refazimento de sua saúde física e espiritual. 

Realizam o seu trabalho, no que se refere aos enfermos da Terra, de maneira discreta e sutil, inspirando todos aqueles profissionais que se mostrem sensíveis à sua influenciação. Guiam as mãos de Cirurgiões. Trazem clareza e lucidez incomum aos seus pensamentos na hora da intervenção cirúrgica. Sustentam-nos com a sua irradiação luminosa, assim como o fazem os Espíritos Trabalhadores com seus médiuns, mantendo-os firmes em cirurgias complexas que se prolongam, às vezes por mais de 12 horas ininterruptas. Intuem e sugerem medicamentos e possibilidades de tratamento para enfermos desenganados, muitas vezes conquistando sucesso. 

De igual forma, no mundo espiritual, estes abnegados servidores transitam entre as regiões de trevas, formando Hospitais e Prontos-Socorros, montando caravanas de resgates a todos que se mostrem em condições de receber essa ajuda mais direta. Aqueles que ainda não estão nessas condições, também permanecem sob a sua vigilância e cuidados, sejam em que faixa espiritual se encontrem, somente aguardando o momento oportuno para que sejam também dali retirados. 

E, como é da Lei Divina que todos se vinculem para ajudar no Bem geral, a partir do momento em que os homens encarnados tornaram-se lúcidos o suficiente para que reconhecessem a realidade da Vida Maior e com ela pudessem trocar experiências e estabelecer contatos diretos e conscientes, foi possível a abertura das Leis de Umbanda para o plano físico, formando essa Sagrada Religião aqui em solo brasileiro, assim como a revelação do mundo dos Espíritos, vinculada pela Doutrina Espírita. Passamos, então, a contar com núcleos (centros espíritas e terreiros de umbanda) que compartilham de uma mesma compreensão a respeito destas questões que envolvem o intercâmbio com a Realidade Espiritual, embora sejam religiões completamente distintas. Por conta disso, estruturaram-se trabalhos de ordem espiritual do qual os Mentores de Luz podem extrair a matéria prima de que precisam para o cuidado com os enfermos de toda ordem. No entanto, agora essa contribuição é dada a eles de maneira consciente por parte daqueles que trabalham nestas Casas, diferentemente de antes quando extraiam as energias de que precisavam contando com muito mais dificuldade devido à ignorância de muitos encarnados. 

Segundo sabemos, tudo no mundo espiritual é influenciado e moldado pela ação da mente e do pensamento. Isso é um pouco difícil de entendermos aqui na Terra, pois para construirmos uma casa, por exemplo, precisamos de areia, cimento, tijolos, vigas, etc. Entretanto, no mundo espiritual, tudo se edifica ou se destrói pela ação da mente. Paisagens belíssimas, assim como abismos sombrios. Tudo é moldado e construído pelo comando da mente. As grandes cidades espirituais, colônias, hospitais, educandários, que estão edificados na região extra-física foram formados e são sustentados pela ação dirigida da vontade daqueles Numes Celestes que as elaboraram. 

Por isso, os Guias e Protetores insistem tanto na questão de vigiarmos os nossos pensamentos. O quanto é importante mantermos em equilíbrio as nossas expressões do pensar, pois eles veem “do lado de lá” aquilo que estamos criando em torno de nós mesmos. 

Os Mentores de Luz utilizam-se das projeções dos nossos pensamentos positivos, no Plano Astral, acumuladas no ambiente espiritual do terreiro ou da casa espírita, as quais se concentram sobre determinados pontos e locais específicos durante o transcorrer dos trabalhos, para convertê-los em essências que são utilizadas na elaboração de medicamentos, “curativos”, “emplastos”, “materiais cirúrgicos”, entre outros, para serem ministrados aos enfermos encarnados e desencarnados, quer estes estejam presentes no ambiente onde está ocorrendo o trabalho, quer estejam a quilômetros de distância dali. Assim é que o produto que é extraído como resultante dos trabalhos espirituais, atinge também Hospitais, Presídios, as ruas e lares onde existam pessoas doentes e desamparadas. 

Essas mesmas projeções, utilizadas em seu “estado bruto”, ou seja em energia radiante (“focos de luz” que cintilam intensamente no plano astral), também são utilizadas para desagregar e diluir acúmulos de energias negativas e nocivas que se encontram em diversos ambientes. 

Assim também essa energia radiante dos pensamentos é empregado no despertar de espíritos desencarnados adormecidos, ignorantes de sua condição ou embrutecidos pelo ódio e pela vingança. Uma das formas de que os Mentores se servem é a de lançar essas irradiações sobre eles envolvendo-os, e produzindo neles um estado de choque induzido, de maneira que possam retomar o contato com a realidade que os cercam e se aperceberam da nova condição em que se encontram. E para isso eles se valem das nossas irradiações, porque nós, como encarnados, nos encontramos numa faixa de vibrações mais próxima da que estes irmãos também estão (desencarnaram, mas conservam ainda muito da sua condição enquanto ainda na Terra, ou mesmo sequer perceberam que já deixaram o mundo físico). 

O processo de conversão dos pensamentos nos recursos de que os Guias e Mentores se valem é um processo bastante intrincado para a nossa compreensão. Mas o que podemos dizer, pelo que estes mesmos Mentores informam, é que isso se dá por um fenômeno chamado de Energismo. Como disse, os pensamentos são projetados no plano astral e permanecem em estado de energia radiante. Os Mentores detém o conhecimento para comandar, pela ação de suas mentes treinadas e enobrecidas, todo aquele acúmulo energético que foi formado no ambiente espiritual dos trabalhos. Eles recolhem porções do que foi produzido em recipientes, misturando-as com porções de essências extraídas da natureza (das matas, rios, mares, cachoeiras, de animais, etc.) e plasmam na dimensão espiritual medicamentos os mais variados (em estado “líquido”, “sólido”, “gasoso” ou radiante). Nossos pensamentos servem para eles, assim como a água, o plástico derretido, o metal incandescente, a argila e o concreto nos servem para as nossas criações. 

Também, todos somos orientados (e principalmente aos médiuns) a mantermos, particularmente, as nossas orações pelos enfermos e por todos os que necessitam. Isso por que, mesmo estando dentro de nossos lares, o processo é o mesmo. Quando oramos por alguém, irradiamos e projetamos essa energia radiante no plano astral, e os Guias e Benfeitores se utilizam dessa energia para aplicarem sobre qualquer um que necessite. A condução dos recursos que emanamos cabe exclusivamente aos Mentores de Luz. E o fazem aplicando esses recursos em forma de soros que são introduzidos no corpo espiritual do enfermo, impregnando determinados pontos de seu corpo com essas energias e movimentando-as dentro do organismo enfermo. Fazem o mesmo impregnando de energias salutares o local onde o enfermo se encontra, seus objetos e roupas de uso pessoal. Neste sentido, o mesmo processo ocorre com aqueles que estão desencarnados, com a diferença de que estes não possuem mais o corpo físico. 

Uma questão importante a se frisar é que ao tomar contato com as energias curativas, o organismo do enfermo registra, assimila-as e as retém conforme for de sua necessidade e condições. Por isso dissemos que o objetivo deste amparo não é o de arrancar do doente o mal, mas sim o de aliviar e promover o fortalecimento de seu corpo espiritual, principalmente, para que possa percorrer o caminho da doença, seja ela qual for, de acordo com as suas provas, podendo até, nesse ínterim, ser curado ou não, a depender de seus merecimentos e dos desígnios que somente dizem respeito a cada indivíduo e a Deus. 

Naturalmente, essas são algumas poucas formas de que as Correntes Médicas do Espaço se utilizam para trazer alivio e tratamento. Existem muitos outros recursos que seriam demasiadamente complexos para tratar neste humilde texto e, ainda, outros tantos que nos escapam completamente da possibilidade de compreensão. 

Esperamos, mais uma vez, termos contribuído um pouco com o enriquecimento dos nossos irmãos que, porventura, possam interessar-se. 

Que Nosso Mestre Jesus e as Correntes Médicas estejam sempre nos amparando em nossa jornada. 

Assim seja.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Visão de um Adepto: Sustentação no Trabalho Espiritual

Por: Gregorio Lucio 

Gostaria de enfatizar, neste breve texto, uma questão muito importante em qualquer trabalho de ordem espiritual, principalmente naqueles que se utilizam do fenômeno mediúnico, tal como ocorre nos templos de Umbanda e nos centros espíritas. Essa questão se refere a atividade de Apoio e Sustentação. 

Geralmente, encontro muitos textos ou mesmo troco experiências, informações e conhecimentos com pessoas ligadas à Umbanda e ao Kardecismo, e de maneira geral, quando falamos dos trabalhos espirituais, enfocamos muito as expressões mais conhecidas da mediunidade, como a Incorporação (psicofonia, no kardecismo), a Psicografia, a Pictografia, a Vidência/Clarividência, a Clariaudiência, a Intuição, a Inspiração, a Psicometria e também algumas especialidades da mediunidade de efeitos físicos (como a materialização e a ectoplasmia). 

Entretanto, deixamos de lado uma especialidade que, embora não seja propriamente uma expressão mediúnica, é fundamental para os trabalhos espirituais: a atividade de Apoio e Sustentação vibratória do ambiente, no qual estão sendo desenvolvidos os trabalhos. 

Seja numa sessão espírita (de atendimento espiritual, desobsessão, ou mesmo numa palestra pública), seja numa gira em um terreiro de Umbanda, temos a presença de pessoas, colaboradoras da casa, desenvolvendo a atividade de sustentação vibratória, quer elas saibam disso ou não. Aliás, essa função pode ser e é, de fato, realizada até mesmo por aquelas pessoas que estão sentadas na Assistência destes trabalhos, mesmo que também não o percebam. 

Podemos desmembrar a composição de um trabalho espiritual, de uma maneira genérica, em alguns elementos que desenvolvem funções mais ou menos específicas. Primeiramente, temos dois conjuntos de colaboradores que operam em níveis diferentes do ambiente de trabalho, ou seja, temos os trabalhadores Desencarnados (Guias, Mentores, Protetores) e os trabalhadores Encarnados (Médiuns, Dirigentes, Auxiliares). Da mesma maneira, na parte da Assistência, temos a Assistência que é composta por Encarnados e uma Assistência que é composta por Desencarnados. Todos compartilhando do mesmo ambiente, em ambas as dimensões da vida. 

Como nossa intenção é falar da atividade de sustentação, gostaria de tratar especificamente, do conjunto dos trabalhadores encarnados, o qual é constituído por: 

Dirigente dos trabalhos, aquele que exerce a liderança espiritual naquela atividade; 

Médiuns Ostensivos (“médiuns de trabalho”, no dizer popular, pode ser médium de incorporação, vidente, psicógrafo, etc...a depender do tipo de trabalho); 

Sustentadores (também podem ser entendidos como auxiliares, assistente, participante, apoiador, ou “`médiuns” de sustentação, já numa linguagem mais específica do kardecismo); 
Então, qual seria, do ponto de vista da função, a importância daqueles que servem como sustentadores do trabalho espiritual? Bom, sabemos que a função dessas pessoas é a de ajudar a SUSTENTAR os trabalhos...mas, o que seria isso? 

Se recorrermos a um bom dicionário da língua portuguesa, vamos encontrar alguns significados para a palavra Sustentar (como, ter ou segurar por baixo, impedir de cair, apoiar, etc.). Mas, um desses significados é bastante adequado para a ideia de Sustentação no trabalho espiritual. Sustentar seria AMPARAR; FORNECER RECURSOS A. 

Logo, aquele que figura como Sustentador é todo e qualquer pessoa que participe do ambiente do trabalho e que possa contribuir fornecendo vibrações elevadas para a formação e manutenção do campo espiritual e energético da Casa. Esta pessoa pode ser um médium de trabalho ou não, desde que NÃO ESTEJA SENDO ATUADO diretamente por uma entidade espiritual (seja na incorporação, na psicografia, ou qualquer outro fenômeno que exija a participação direta do médium). 

Na Umbanda encontramos esse papel sendo desenvolvido, dentro da corrente mediúnica da casa, especificamente pelos Cambones e Ogãs/Curimbeiros. Também os demais médiuns que não estejam em trabalho em um momento qualquer também serve como um Sustentador. 

No Kardecismo, encontramos os trabalhadores da Sustentação, geralmente sentados ao lado dos médiuns de psicofonia, nos trabalhos de desobsessão e/ou assistência espiritual, auxiliando os médiuns de psicografia e também formando a corrente necessária para os médiuns passistas. 

É importantíssimo que eu ressalte que não basta somente “estar do lado” do médium, ou no ambiente de trabalho para concorrer com a manutenção vibratória e espiritual. É preciso estar numa condição própria para isso. O que na verdade é algo bastante simples e sem demais complicações. Basta, somente, que a pessoa esteja no ambiente do trabalho com o seu pensamento voltado exclusivamente para o que está acontecendo ali (ou seja, não ficar dentro do trabalho pensando no “jogo do Corinthians”, nem no que vai fazer na hora que sair dali, ou demais distrações que não dizem respeito àquele momento). Manter-se em oração, mentalizando imagens positivas, saudáveis, etc. Sem forçar nada. Entregar-se àquele momento com alegria e gratidão por poder estar ali e direcionar sua atenção para o que está ocorrendo no ambiente. 

Vale lembrar também que todos os recursos humanos que estão disponíveis no ambiente de trabalho são utilizados pelos Mentores de Luz, seja a pessoa médium de trabalho ou não. Eles se utilizam das emanações de energia positiva que são geradas por cada pessoa, quando estas se encontram envolvidas em pensamentos saudáveis, em oração, etc. Com o passar do tempo, é até comum que determinadas pessoas que antes só atuavam como Sustentadores passem a ter afloradas em si, expressões mediúnicas belas e ostensivas, direcionando-as para que passem a também tornarem-se médiuns de trabalho. 

Neste ponto, surge mais uma pergunta. Qual a relação de importância entre o médium de trabalho e o sustentador? 

O Sustentador funciona como um gerador e mantenedor do padrão das energias que devem estar disponíveis no ambiente. Quando um médium de trabalho está atuado por um Guia (na Umbanda, por exemplo) desenvolvendo um trabalho, ou mesmo numa sessão de desobsessão (Espírita) em que o médium dá passagem a um irmão sofredor, devemos saber que neste momento há um consumo muito grande da energia de ambos. As energias do Médium, assim como a do Espírito (seja ele um Mentor ou não), vão sendo consumidas (como uma vela que tivesse um pavio aceso em cada extremidade). Esse consumo da energia pode ser mais ou menos intenso a depender da capacidade de doação de energias próprias de cada médium e de cada Entidade (nem todos tem o mesmo potencial). Isso se deve ao fato da necessidade que ambos tem, médium e Entidade Espiritual, de equilibrar as suas vibrações para que o “encaixe” entre as suas irradiações possa ocorrer e assim também provocar a manifestação mediúnica (incorporação, psicofonia, psicografia, etc.). 

Dessa forma, o Sustentador gera um potencial de energias que é distribuído na corrente mediúnica e é assimilado pelo campo mediúnico-vibratório dos médiuns que se encontram em trabalho, de maneira que este campo possa ser revigorado, alimentado, e a sua ligação com a Entidade Espiritual possa ocorrer durante o tempo necessário para o trabalho. 

Lembramos que no caso daqueles que se encontram na Sustentação, embora não estejam em trabalho, os seus Guias e Mentores de Luz também estão atuando, mas de maneira sutil. Ao invés de atuarem envolvendo-os diretamente com a sua irradiação (conforme o caso da incorporação, psicografia, etc), o Mentor atua criando um campo de Inspiração e de Intuição para com o seu médium, permanecendo também ele (o Guia) atuando como um sustentador do ambiente, só que na dimensão espiritual. 

Falando especificamente da Umbanda, conforme já tratamos em outros textos, as vibrações da música por meio do ritmo percussivo (feito pelos atabaques, palmas, etc.) e da voz (as melodias e as mensagens contidas nas letras dos Pontos Cantados), geradas por aqueles que as executam de maneira concentrada e em sintonia com o trabalho, servem como um potencial gerador e sustentador da corrente mediúnica. Da mesma forma, aqueles que não se encontram cantando ou tocando, podem manter-se em prece, mentalizando coisas boas para também alimentar o trabalho dos demais. 

Na sessão Espírita, os sustentadores devem agir também em sintonia com o que se desenvolve no trabalho, sem alienar-se do que está ocorrendo, mantendo-se em oração, mentalizando imagens positivas, etc. 

Já pensou se aquelas pessoas que assistiam ao Chico Xavier ficassem mais interessadas em ver a marca da assinatura da psicografia e o conteúdo da mensagem do que em orar para que ele tivesse sucesso no atendimento daquela multidão que o buscava, sedenta de consolo e esperança? 

Já pensou se estivéssemos no trabalho mais interessados de que o nosso babalorixá ou yalorixá estivesse ali para resolver um problema particular nosso do que o atendimento daqueles que buscam o Templo Sagrado pedindo um lenitivo para as suas dores e aflições? 

Eles teriam muito trabalho para conseguir vencer as resistências vibratórias impostas por aqueles que deveriam estar ao seu lado para ajudá-los (ao médium e principalmente aos Mentores de Luz que confiam em nós), o que colocaria em sério risco as tarefas de atendimento e consolação, com as quais nos vinculamos, seja nas Leis de Umbanda ou nos princípios da Doutrina Espírita. 

Por isso a necessidade de SUSTENTARMOS (olha a palavra aí, de novo) uma postura digna e condizente com o caminho que escolhemos, por vontade própria, trilhar nessa jornada espiritual de evolução e busca de iluminação para nós mesmos e para todos que nos cercam. E devemos fazer isso vigiando constantemente, em nossas vidas, as nossas palavras e atitudes. Tratando especificamente do ambiente de trabalho espiritual, essa atenção precisa ser redobrada, pois necessitamos ter uma conversação digna e uma postura coerente com o local em que nos encontramos, em respeito a todos que compartilham do mesmo ambiente conosco e, principalmente, em respeito àqueles que batem em nossas portas em busca de alívio e socorro. 

Assim, espero ter contribuído, humildemente, com um pouco mais de informações e, quem sabe, esclarecimentos para os que se interessam. 

Saravá a todos! 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Os Baianos na Umbanda Branca

Por: Gregorio Lucio 

Os Baianos formam uma corrente de Guias Espirituais muito marcante e ativa na Umbanda, principalmente nos terreiros localizados na região Sudeste e Sul do Brasil. 

Segundo os dados históricos (Concone & Negrão, 1987; Prandi, 1991) as manifestações espirituais que dariam surgimento a essa corrente de trabalho, dentro dos terreiros de Umbanda, tida com pertencente à Linha das Almas em muitos destes (junto dos Pretos-Velhos, Boiadeiros e Marinheiros), iniciaram-se por volta da década de 1950, justamente num momento social em que ocorria a imigração em grande massa dos povos nordestinos para as grandes cidades urbanizadas que estavam se erguendo na região sudeste do país, com destaque a São Paulo e Rio de Janeiro. 

Pouquíssimo material se tem registrado no meio umbandista, de maneira confiável, a respeito dos Baianos. Uma possível explicação para isso se deve ao fato de que os Baianos constituem uma manifestação espiritual “recente”, se a compararmos com a tríplice manifestação ancestral que serve de base à religião de Umbanda, a qual corresponde aos Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças (tríplice manifestação ancestral). Os Baianos, junto dos Marinheiros e Boiadeiros, seriam o desdobramento, a ampliação da abrangência espiritual nos trabalhos realizados nas linhas, correntes e falanges firmadas nesta religião (Caboclo / Boiadeiro; Preto-Velho / Baiano; Criança / Marinheiro). 

Nos terreiros que os cultuam, podemos ver os Baianos atuando sob a regência dos Orixás nas Sete Linhas. Da mesma forma, é também muito comum vermos terreiros em que essas correntes são congregadas sob a regência de Nosso Senhor do Bonfim e/ou São Francisco de Assis. 

Sabemos que os Baianos, de maneira geral, foram indivíduos que tiveram suas últimas encarnações num período de tempo mais ou menos próximo da nossa atual encarnação. Foram “gente do povo”. Médicos, Farmacêuticos, Professores, Advogados, Agricultores, Artesãos, Mascates, Operários, Estudantes, etc. Somado a sua vida particular, foram também, em sua grande maioria, quando encarnados na Terra, cultuadores dos Orixás, antigos pais e mães-de-santo (no Candomblé ou na própria Umbanda), iniciados na Jurema/Catimbó Nordestino, médiuns Kardecistas, benzedeiros, erveiros, e outros afins, que viveram experiências entre as coisas da religiosidade Afro-Brasileira, do Catolicismo Popular, da Jurema/Catimbó e até mesmo do Kardecismo. 

Assim, estes espíritos tem um grande conhecimento das coisas do mundo espiritual, da manipulação das energias da natureza por meio das rezas e das oferendas para o tratamento de doenças graves ou demandas espirituais e, do “esclarecimento” de espíritos em condição de ignorância. 

Do ponto de vista da função social, os Baianos, particularmente, são entidades espirituais bastante identificadas com os problemas humanos do “dia-a-dia”. Isso justamente pelo fato que já tratamos: terem vivido num tempo mais próximo do nosso. São bastante populares e carismáticos. São amigos, grandes conselheiros e habilíssimos “professores” na “escola da vida”. Pelas próprias agruras e dificuldades que vivenciaram quando encarnados, sabem bem das aflições, ansiedades, anseios, expectativas e até mesmo as fantasias e infantilidades com as quais nos apegamos durante a vida, muitas vezes atrapalhando o nosso próprio amadurecimento e evolução. 

Dessa forma, são eles os “amigos espirituais”, verdadeiros Mentores, que estão abertos a lidarem com as necessidades humanas as mais diversas, desde questões financeiras, doenças complexas (inclusive de ordem sexual, pois embora inconfessas por muitas pessoas, causam grande aflição e prejuízo à saúde física e psicológica do homem e da mulher), até os casos de demandas intrincadas, envolvendo o desmanche, esclarecimento e encaminhamento de espíritos negativos no mundo espiritual. 

Tudo fazem, esses Espíritos em jornada de Ascensão, para o engrandecimento daqueles que são os seus Protegidos (individual ou coletivamente). 

Ao aproximarem a sua irradiação espiritual do seu protegido (médium ou não), os Baianos oferecem grande proteção e fortalecimento interior, de maneira sutil, utilizando sempre a Inspiração Positiva, a sugestão de Ideias Salutares, a transmissão de Sensações Benéficas e de Segurança Psicológica, quando buscamos a sintonia pelo ato da Prece e da Oração. 

Se somos médiuns dessas entidades, poderemos observar como esses conteúdos psicológicos extremamente felicitadores e gratificantes também ficam muito evidentes quando analisamos, meditamos e procuramos sentir em nós, o efeito do trabalho que estes Guias desenvolvem conosco ao longo das giras. Após o “transe” dos Baianos, é muito fácil para o médium identificar o quão fortalecido e inspirado ele fica, interiormente, como resultado da ação elevada que lhe é deixada e marcada em seus registros psicológicos. 

Que as irradiações destes grandes Companheiros da Luz nos alcancem a todos, em votos de Paz, Felicidade, Segurança Interior e Alegria de Viver! 

Saravá o Povo da Bahia!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A Limpeza do Terreiro

(trechos extraídos da obra Recanto de Luz, pelo espirito Eusébio e médium Luís Carlos Rapparini)

Entramos no Recanto e vimos poucos colaboradores encarnados. Faltava, ainda, algumas horas para o início dos trabalhos e a rotina não se modificara: alguns lavavam o chão, outro encerava e limpava as cadeiras da assistência, a dirigente cuidava de seus afazeres com os copos, águas, velas e ervas. De quando em quando um ou outro comentava observações do cotidiano [...]. 

- Vejam além das aparências, vasculhem além as formas e dos dogmas, lembrem-se da rogativa evangélica e tenham “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. [palavras do Mentor que nos orientava]. 

A fim de que a lição se firmasse ainda mais inconfundível em nós, o velho acariciou-me a fronte e solicitou que eu acompanhasse mais aproximadamente a limpeza do ambiente físico. O seu toque me proporcionou maior poder visual. Rapidamente, percebi que a água e o sabão não limpavam apenas as pedras, retirando-lhes a poeira, mas de alguma forma percebia que eram retirados dejetos mentais e toda uma sorte de fluidos espirituais densos [...]. 

Ao simples acender de uma vela, acompanhada pela prece silenciosa e muito sincera da dirigente, percebemos que a chama passou a produzir uma luz avermelhada e calor muito diferentes daquelas a que estávamos acostumados a usar, quando “vivos” ; isso fez-me refletir mais profundamente sobre esse ato de devoção e atitude ritualística. Conforme o médium rezava, acendia as velas e punha seu coração em sintonia com as Inteligências Superiores da casa, de seu tórax e mente brotavam energias brilhantes e elásticas e nos foi possível observar que as velas em si formavam uma grande cadeia energética, algo como uma corrente psico-magnética, que ia sendo emaranhada por todo o recinto, delimitando, assim, os espaços para os trabalhadores e visitantes. Essa cadeia energética abrangia todo o recinto, nas duas feições, material e espiritual, sob a forma de estrela. Não percebemos quem a manipulava ou construía, a impressão é que esta corrente se produzia por si própria. 

Na assistência, a limpeza das cadeiras e do chão proporcionava ambiente sadio e higiênico. As paredes, nas quais havia vários tecidos com pontos riscados dos guias orientadores do Recanto, apresentavam-se limpas; em nenhum lugar observamos elementos deletérios. 

As imagens do altar possuíam uma espécie de “aura” que até então eu não havia percebido. Pulsavam, vibravam...davam-nos a entender que estavam vivificadas por algum processo desconhecido e intrigante. Não é que elas se movessem, piscassem ou coisa parecida...mas...é...como um quartzo, como os cristais. Aproximando-nos respeitosamente e tocando-as de leve, percebemos de pronto porque tantos crentes e em tão diversificadas religiões fazem questão de tocar imagens dos seus santos [...]. A ligação afetiva, a admiração, a devoção, a adoração, enfim, a enorme fé dos crentes, cujas preces mesclam rogativas e solicitações, agradecimentos e bênçãos, impregna-as de fluidos espirituais incontestes. Os espíritos “representantes dos Orixás”, então, transmutam-nas em energia luminosa e salutar, provocando tal “aura”. Temos assim, nesse circulo virtuoso, um verdadeiro canal de intercâmbio espiritual e apoio aos encarnados, muito longe dos supostos “ídolos de barro” e da primitiva adoração de imagens. 

Admirado, percebi Cláudio [outro amigo espiritual] entretido com assunto parecido. Chamou a minha atenção para um fenômeno curioso que percebera minutos atrás: ante a aproximação de determinado médium, as plantas reagiam espiritualmente, ou seja, aos nossos olhos ganhavam em brilho e cor, tornavam-se mais...”vivazes”...Com outros, o fenômeno não se repetia. 

- Toda a casa está impregnada da energia vital dos médiuns, assistentes e demais espíritos que nos visitam ou dedicam horas produtivas entre nós. Nesse arcabouço de paus e pedras, tijolos e cimento, tinta, cal, etc., vão se sobrepondo, em camadas, amor e ódio, resignação e rebeldia, orgulho, vaidade, egoísmo, humildade, desprendimento e altruísmo, obsessão e entendimento, e todos os demais sentimentos e pensamentos, racionais e emocionais, elevados, obscuros ou indiferentes. Não há “coisa alguma” insensível nessa casa. Em função das trocas de fluidos observadas, possibilita-se aos encarnados receberem influências das inteligências desencarnadas, positivas ou negativas, densas ou sutis, de fundo material ou espiritual, em suas vidas. Naturalmente, esse fenômeno ocorre em todos os lugares, em todas as casas e templos, etc., mas variável em maior ou menor grau segundo a fé, a consciência e o esforço desprendido para tal mister. Mesmo os irmãos distanciados destes conhecimentos, involuntário ou propositalmente, possuirão, sem dúvida, objetos e locais impregnados de sua energia [...]. 

Estávamos estupefatos. Nunca supuséramos que os trabalhos de Umbanda poderiam ter tamanha riqueza de fenômenos e envolvimento de entidades espirituais de elevados dotes morais. Aqui e ali, tudo respirava organização e disciplina, intercâmbio e respeito.