segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Visão de um Adepto: Pelo Amor ou pela Dor

Por: Gregorio Lucio

Nós tomamos lições da Vida e evoluímos interiormente “pelo amor ou pela dor”.

“Pelo Amor ou pela Dor”. 

Esse termo é muitíssimo falado e conhecido no meio espiritualista, notadamente, tendo sua origem na cultura espírita-cristã aqui no Brasil.

Refletindo a respeito do assunto, gostaria de tecer alguns comentários a respeito dessa máxima e, também, propôr aos amigos alguns momentos de meditação a respeito, servindo-nos de um referencial um pouco mais psicológico do tema em questão.

Digo isso porque muitas vezes interpretamos esse ensinamento derivando nosso olhar para o fato de que muitas vezes nos recusamos, diante das mais variadas provações da vida, a aprendermos a lidar com elas nos utilizando das melhores “virtudes” de que podemos dispôr. Isso sempre nos leva a uma interpretação exclusivamente Moral da nossa maneira de agir ou re-agir a uma dada dificuldade (interna ou externa) e nos faz pensar em questões de “certo” ou “errado”. 

Contudo, em se tratando de uma abordagem humanística, a qual desejo compartilhar com os amigos, essa não é a maneira mais eficiente de se pensar a questão. O aspecto moral, muitas vezes, nos castra e nos conduz a um sentimento de culpa e de auto-punição por não sabermos lidar com aquilo que ainda não nos sentimos capazes ou do que ainda desconhecemos em nós. A interpretação puramente moral (muito comum nos ambientes religiosos, embora a sua validade), sempre nos limita a compreensão mais ampla acerca daquilo que envolva a realidade humana.

Entendemos, com isso, que lidar com as dificuldades servindo-nos da paciência, da tolerância, da compreensão, da disciplina, da fé e da oração, trabalhando ativamente e esperando com serenidade a resolução dos problemas, é passar pela experiência da provação e adquirir o aprendizado espiritual (amadurecimento) “pelo amor”. De outra forma, lidar com os obstáculos existenciais (sejam dificuldades externas a nós, ou nossas limitações interiores) por meio da revolta, da inconformação, da ansiedade descontrolada, do pessimismo, da agressividade, ou apelando para mecanismos doentios e externos para a fuga da realidade (cigarro, bebida, alimentação em excesso, gastos compulsivos, etc.) nos liga ao processo da “dor”, a qual advirá, sempre, mas também com a finalidade de nos trazer aprendizados, embora de maneira muito mais demorada e, invariavelmente, nos exigindo que refaçamos as lições e passemos pela prova por uma segunda vez (ou mais, até que consigamos passar por elas).

Enquanto nos demoramos, ignorando ou resistindo às necessidades de mudança na nossa maneira de olhar a nós mesmos e, consequentemente, a vida que nos cerca, colhemos os frutos, muitas vezes amargos, como pagamento da condição em que nos encontramos. Enfermidades variadas, crises financeiras, desemprego, dificuldades afetivas. Partes de sua causa (quando não, sua totalidade) estão enraizadas no desajuste e na inconsciência que detemos acerca de nossas próprias necessidades e potenciais íntimos, os quais permanecem, por longo tempo, imersos em nossa sombra psicológica.

Não quero que os amigos entendam a “sombra psicológica” como a presença do Mal, em nós. Não é isso. Embora seja verdade que todos nós, na condição de seres humanos, estamos ligados a essa dualidade existencial, carregando o Bem e o Mal em nosso íntimo. Independente se aceitamos isso ou não. Mas, a sombra psicológica não se refere a uma mera questão moral (bem ou mal). A sombra psicológica refere-se a tudo aquilo (de bom ou “não tão bom”) que permanece desconhecido ou reprimido em nós mesmos. Isso inclui conflitos, traumas, idéias ou desejos reprimidos, frustrações, lembranças desagradáveis, assim como, potenciais desconhecidos, qualidades não descobertas, faces da nossa personalidade ainda não exploradas, o nosso “vir-a-ser”.

Quando não conseguimos “jogar luz” sobre esses conteúdos que estão em nossa sombra, permanecemos ignorando-os. Entretanto, o fato de os ignorarmos não significa que eles não nos influenciam ou, até mesmo, determinam muito da nossa maneira de ser, de agir ou re-agir perante tudo aquilo que “mexe com a gente”. 

Os conteúdos psicológicos perturbadores que carregamos possuem cargas emocionais de grande força para orientar as nossas reações diante das situações e das pessoas com quem lidamos e, muitas das vezes, nos impelem na direção de adotarmos as piores entre as reações possíveis (pessimismo, tristeza, agressividade, compulsão, etc.), obscurecendo nossa capacidade de escolhermos as melhores (serenidade, compreensão, esperança, etc.). Naturalmente, essas reações são mecanismos espontâneos de “defesa” e possuem a finalidade de nos proteger do contato “direto” com faces da nossa realidade psicológica interior, perante as quais ainda nos encontramos imaturos para lidar.

E, enquanto não tornarmos esses conteúdos conscientes, trazendo-os, um a um, para o centro da nossa consciência, identificando-os, refletindo a respeito de suas origens e de que forma eles estão afetando nossa vida, eles permanecerão lá, no nosso “porão” interior, mas como forças ativas que ficam “empurrando” sem parar a nossa mente, cada vez com mais intensidade (e causando mais sofrimento). Por isso, não devemos nos olhar com repreensão e punição quando não conseguimos agir da melhor forma possível. Devemos, reconhecer nossas reações e compreender as que são “legais” e as que não nos fazem bem e, aos poucos, irmos substituindo-as por outras saudáveis. É um processo de re-educação e de auto-consciência. Sempre respeitando nossos limites, embora sem nos acomodarmos com eles (os limites). 

Mesmo os conteúdos positivos, enquanto permanecem na sombra, também causam estados perturbadores, pois eles estão, assim como os demais conteúdos psíquicos, impulsionando a sua liberação, o seu reconhecimento, mas como permanecem nessa zona obscura de nosso íntimo, eles geram estados de apreensão e de angústia, até que sejam, enfim, liberados pela consciência e possamos deles nos apropriar. Nesse ínterim, todos eles estão lá, chocando-se contra as “paredes” do nosso inconsciente, tentando subir à superfície, até o dia em que tomemos a decisão de os encarar, “iluminá-los” e diluí-los, para que sejam transformados em energias renovadoras para a nossa saúde emocional e espiritual. 

Sinceramente, não há outro caminho. Não há religião, mediunidade, caridade, apometria, trabalho espiritual, vela, passe, benzimento, banho de mar, crucifixo, patuá, descarrego, que possa resolver. Nossas crenças e nossa religiosidade são importantes e tem o papel comprovado de aliviar as tensões interiores, mas nunca o de resolvê-las. Trocar de carro, de casa, namorado(a), esposa(o), a marca do cigarro ou a dose de bebida, também não resolve. Nada. Tudo isso, embora digno de respeito, é infrutífero, possuindo resultados apenas superficiais. 

Somente quando há o esforço e a vontade de encarar a si mesmo, auto-analisar-se, e modificar o olhar sobre a sua realidade interior é que o indivíduo torna-se capaz de produzir a iluminação psicológica e espiritual. E, se sozinho não sou capaz de fazê-lo, nada mais justo que buscar apoio psicológico diretamente com um profissional, o qual pode ajudar a facilitar esse processo de auto-descoberta. Procurar um médico (do clínico geral ao psiquiatra) diante da enfermidade, sempre. Grupos de meditação (desde que sérios, como a Brahma Kumaris), de apoio terapêutico e a constelação familiar, também são válidos. Não há mal nenhum nisso. Psicólogo, analista, etc., não são “para loucos”. São, justamente, para “não ficar louco”.

O “amor ou a dor” nos levam para o amadurecimento, invariavelmente. Tudo isso porque eles são recursos que estão em nós por ação da Lei de Progresso (Lei da Evolução Espiritual), a qual se encontra “escrita” nas estruturas da nossa consciência. Não nos esqueçamos de que todas as Leis de Deus estão gravadas em nossa consciência. As Leis Divinas, em verdade, não estão em livros, em templos religiosos, em práticas formais da relação com Deus. Essas são expressões sociais, sempre respeitáveis, naturalmente, dessa relação que cada um deve, intimamente, estabelecer com o Sagrado, independente do local, da roupa, da situação ou de qualquer circunstância exterior em que estejamos. Por que, tudo que é externo nós podemos mascarar, driblar, “fazer parecer”. Mas, das Leis Divinas que estão insculpidas em nosso mundo interior, as quais nos ligam diretamente ao Divino, dessas nós não podemos fugir.

Não há destinação ou determinismo para continuarmos sendo sempre o que somos, com os mesmos hábitos, mesma conduta e a mesma maneira de nos colocarmos diante da vida. A vida nos impulsiona para, mesmo sem querermos, lidarmos com nossas facetas desajustadas afim de que as resolvamos e nos libertemos as algemas que criamos durante os períodos de inconsciência. Da mesma forma, enquanto fazemos esse processo de limpeza e reorganização interior, a Lei de Progresso nos possibilita identificar muitos traços positivos e saudáveis que também estão em nós (não são externos e nem fruto de nenhuma Graça Divina), mas até o momento não reconhecidos.

Jesus Cristo, quando afirma, em João 10:34 “Vós sois Deuses”, deixou gravado justamente que o nosso “vir-a-ser” está contido em nós mesmos. Não é o resultado de uma força externa, mas a conquista de um esforço interior que cada um deve empreender para o seu próprio amadurecimento e sua própria ascensão. Não temos como renunciar ou escapar a isso. Ninguém fará por nós. Em nenhum lugar, em nenhuma religião, com nada que seja externo a nós mesmos. Aliás, nem Ele o fez. Por isso estamos aqui, mais de 2.000 anos depois, ainda tentando acertarmos essa lição.

Que o Mestre Divino esteja conosco, sempre.

Fraternalmente.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O FLUIDO ESPIRITUAL

Segue um pequeno estudo feito por mim, sobre dois capítulos da obra “A Terapia pelos Passes”, de autoria do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, cujos títulos são “Fluidos” e “Mediunidade Curadora e Cirurgias Espirituais”. 

Como nossos trabalhos espirituais estão diretamente ligados a manipulação e o direcionamento destas “energias”, seja pela corrente de médiuns, seja pelos Guias espirituais, acredito ser de valia para que tenhamos uma noção básica a respeito. 

Fraternalmente, 

Gregorio 



FLUIDOS 


Lembramos que Jesus Cristo, embora tivesse curado muitos daqueles que O buscavam, libertando-os de enfermidades do corpo, da mente e da alma, teve oportunidade de dizer que não viera para curar corpos e sim almas, deixando implicitamente explicado que os sofrimentos humanos têm as suas raízes no cerne do espírito imortal. Dentro da interpretação espiritual, devemos considerar, antes de tudo, que a origem das desarmonias, de qualquer espécie, permanecem ligadas à imperfeição do Espírito, das quais este ainda irá se desvincular conforme o desenrolar da sua evolução. 

O dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, ao designar a fase não sólida da matéria, propõe a seguinte definição para o termo FLUIDO: “o que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás”. O Espírito André Luiz, desenvolve esse conceito, aperfeiçoando-o, ao associar o termo fluido aos corpos “cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si quando retidas por um agente de contenção ou separando-se quando entregues a si mesmas”. 

Quando, no século XIX (19), cientistas como William Crookes, Roentgen e Marie Cure desvendaram o mundo dos raios, ondas e vibrações, contribuíram para que os homens passassem a considerar o Universo em que matéria e energia não passariam de estágios ou estados de uma só realidade, a expressar-se em diferentes campos energéticos, substâncias e corpos projetados no espaço infinito. A matéria, portanto, passa a ser entendida como possuindo mais estados de existência, e não somente os 3 já conhecidos (sólido, líquido e gasoso). 

Segundo os Espíritos Superiores, podemos entender os fluidos como: “tudo o que se relaciona com a matéria, da mais grosseira à mais diáfana (translúcida), incluindo-se neste contexto estados que ignoramos, uma vez que ela pode ser tão etérea e sutil que nenhuma impressão nos cause aos sentidos e susceptível de combinar-se ao fluido universal, sob a ação do espírito, para produzir uma infinita variedade de coisas de que apenas conhecemos uma parte mínima”. 

Léon Denis (lê-se León Dení) nos diz que essa matéria tornada imponderável, à medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se, portanto, uma das formas de energia. 

O homem, na sua condição de Espírito encarnado, formado por espírito – períspirito (corpo espiritual) – corpo físico, influencia e é influenciado de modo incessante, pois vivemos em um Universo onde tudo e todos interagem. Nos afinizamos com pessoas e coisas, pensamentos e substâncias, variando a cada fase evolutiva em que nos encontramos. Por isso, nós estamos o tempo todo registrando com mais intensidade o campo de energias daqueles seres de que mais precisamos para evoluir (principalmente, aqueles a que estamos ligados afetivamente). 

Recebemos elementos sutis, os quais nos penetram por meio de nosso corpo espiritual. Tais elementos, fixam-se por mais ou menos tempo no campo enérgico do corpo espiritual e é assimilado por esse. Estes elementos podem ser equilibrantes e de progresso, ou fonte de estagnação e desordem, a depender da afinidade que estabelecemos pelo nosso padrão psíquico e mental. 

Tão importante quanto o que se recebe, também é o que se produz e se doa. Quando o Espírito (encarnado ou desencarnado) se manifesta (pensando, agindo ou simplesmente existindo), todas as suas potências vibram, fazendo vibrar, por sua vez, o fluido cósmico universal (o princípio elementar do Universo), imprimindo neste alterações que lhe dão aspecto (forma, cor, odor), movimento e direção. Essa variação específica que o Fluido Cósmico Universal assume, por AÇÃO DOS SERES INTELIGENTES, chamamos de FLUIDOS ESPIRITUAIS. 

Não apenas os Espíritos projetam irradiações. Todos os seres animados e inanimados irradiam energias não-físicas, podendo igualmente assimilá-las. Daí a expressão “magnetismo”, como a lembrar-nos da ação da Lei de Sintonia e Afinidade, a qual faz todos os seres, do ponto de vista espiritual, se comportarem como IMÃS. 

Separamos algumas considerações que parecem de relevância para que todo o DOADOR DE ENERGIAS (médiuns de trabalho ou não), tenha em mente ao longo da sua tarefa socorrista, as quais se seguem. 

Os FLUIDOS formam a “atmosfera psíquica” dos seres conscientes, fornecendo elementos com os quais operam pela FORÇA DO PENSAMENTO E DA VONTADE. Nessa atmosfera fluídica que envolve todos os espíritos (encarnados e desencarnados) formam-se os fenômenos perceptíveis para o espírito e não percebidos pelos sentidos materiais (visão, olfato, audição, tato). Nessa atmosfera fluídica é que se forma a Luz Espiritual que envolve cada Espírito (novamente, encarnado ou desencarnado). Ela é o veículo do pensamento do Espírito, assim como o ar é o veículo para a propagação do som. 

Os ESPÍRITOS AGEM SOBRE OS FLUIDOS ESPIRITUAIS, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O PENSAMENTO E A VONTADE SÃO, PARA OS ESPÍRITOS, AQUILO QUE A MÃO É PARA O HOMEM. 

Pelo PENSAMENTO os Espíritos imprimem aos FLUIDOS ESPIRITUAIS um direcionamento, uma aplicação. Eles os aglomeram, os combinam, os dispersam; formam, com esses materiais, conjuntos que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinada. Modificam, enfim, a propriedade destes fluidos, assim com um químico manipula determinados gases ou outros corpos, servindo-se de determinadas leis. 

A ação dos espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de importância direta e capital para os encarnados. Uma vez que os fluidos são o veículo do pensamento, este [o pensamento] consegue lhes alterar a qualidade, impregnando-os de elementos bons ou maus, que se irradiam dos próprios pensamentos e os fazem vibrar, modificados pela pureza dos sentimentos. Dessa forma, os maus pensamentos contaminam os fluidos espirituais, corrompendo-os. Por isso, os fluidos que rodeiam os maus espíritos, ou os que eles projetam, são viciados, enquanto aqueles fluidos que recebem a influência dos bons espíritos são tão puros quanto o permitem o grau de perfeição moral destes Guias e Protetores. 

Lembro que as transformações nessa “atmosfera fluídica” que nos envolve a todos, ocorrem a todo o instante, conscientemente ou inconscientemente. 

Sob o ponto de vista moral, esses fluidos podem trazer registradas as marcas dos sentimentos de ódio, inveja, rancor, ciúme, orgulho, revolta...da mesma forma como de bondade, amor, caridade, doçura, serenidade, etc. Do ponto de vista físico (sensação que podemos sentir), eles podem ser irritantes, calmantes, excitantes (no sentido de estimulantes), dulcificantes, tóxicos, reparadores, etc.. 

Um fator importante para compreendermos o mecanismo do tratamento espiritual pela doação dos fluidos é que devemos nos lembrar de que NOSSO CORPO ESPIRITUAL (PERÍSPIRITO) É FORMADO PELOS FLUIDOS ESPIRITUAIS. Ou seja, nosso corpo espiritual possui A MESMA NATUREZA que os FLUIDOS ESPIRITUAIS de que nos valemos no trabalho socorrista. 

De acordo com as características próprias de cada indivíduo, ao longo da sua encarnação, em decorrência dos atos praticados ao longo da vida (se bons ou maus), esse corpo espiritual vai tornando-se mais sutil ou mais denso. 

Em vista dessa realidade, existe uma facilidade de assimilação de fluidos por parte dos encarnados à semelhança da esponja quando se embebe de líquido. 

Os fluidos se atraem ou se repelem, de acordo com sua natureza. Por isso, a incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos. 

Os fluidos agem sobre o corpo espiritual e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato, interligado por cada molécula. Se os seus eflúvios forem de boa natureza, o corpo recebe uma impressão benéfica e saudável; se forem maus, a impressão é penosa, causando sofrimento. Se os fluidos maus fixarem-se por longo tempo sobre o corpo espiritual do indivíduo, poderão desencadear doenças físicas. 

A doação e aplicação de FLUIDOS ESPIRITUAIS SALUTARES, realizadas nos trabalhos socorristas (de cura ou de assistência espiritual), obtém resultados admiráveis, quando a força fluídica, aplicada ao indivíduo enfermo ou desarmonizado, caracteriza-se pela ABUNDÂNCIA, QUALIDADE E INTENSIDADE de fluidos provenientes de um (ou mais) DOADORES PORTADORES DE BONS SENTIMENTOS E AJUDADOS POR ENTIDADES ESPIRITUAIS BENFAZEJAS. 

Também não podemos deixar de citar a ÁGUA com seu potencial catalizador dos FLUIDOS ESPIRITUAIS. A ÁGUA FLUIDIFICADA, ao ser ministrado ao enfermo ou qualquer um necessitado, libera no organismo espiritual deste a energia irradiante que nela foi projetada, funcionando, a semelhança de um remédio homeopático, estimulando os núcleos vitais do organismo de onde procedem os elementos produtores e regeneradores das células físicas. 

O mecanismo que envolve o médium (doador) e o Guia Espiritual que o ampara no tratamento espiritual, ocorre de duas formas. Na primeira, o Espírito Mentor derrama sobre o médium os seus fluidos espirituais salutares e benéficos, potencializando os fluidos espirituais do médium, para que sejam repassados ao ser necessitado que está sendo auxiliado. Na segunda, o Espírito Mentor retira do médium determinadas energias (por exemplo, o ectoplasma, que é uma irradiação diretamente ligada ao organismo físico do médium) para manipulá-la e aplicá-la sobre o enfermo. 

No entanto, para que haja as condições necessárias para o sucesso no atendimento socorrista (ABUNDÂNCIA DE FLUIDOS, QUALIDADE DOS FLUIDOS E INTENSIDADE DOS FLUIDOS, conforme já citamos), 2 fatores a serem seguidos pelos médiuns, são primordiais: 

  1. QUALIDADES MORAIS: É necessária a moralidade de conduta para sintonizar com os Benfeitores Espirituais e agregar em seu campo mediúnico a maior quantidade possível de fluidos benéficos sem deturpá-los ou corrompê-los. Um vaso impuro contamina a substância que por ele passa. 
  2. PASSIVIDADE: Passividade aqui deve ser entendida como EDUCAÇÃO MEDIÚNICA. O controle dos automatismos, para que as expressões do médium não desfigurem e interfiram no trabalho a ser desenvolvido, uma vez que sua disciplina deve ser tal que esse possa colaborar não só na doação e na irradiação dos fluidos espirituais, mas também na dispersão dos acúmulos nocivos que são retirados dos assistidos dentro do ambiente de trabalhos socorristas. 
Finalizando, quero expressar que a tarefa de auxílio e socorro, realizada pelas Casas que objetivam amparar a todos os que lhes batem às portas, enseja a oportunidade de concretizar o ensino evangélico do “amai-vos uns aos outros” e aquela outra recomendação quanto à tarefa básica dos cristãos “curai...”, “ressuscitai...”, “purificai...”, conforme os apontamentos de Mateus, no seu Evangelho, capítulo 10, versículo 8. É por esse compromisso que os “Espíritos do Senhor” são atraídos para os nossos templos de luz para, juntamente com os homens, levarem adiante o plano de libertação da Terra das sombras do mal, pela ação da caridade. 

Que Jesus esteja conosco hoje e sempre! 

Fraternalmente 

A Visão de um Adepto: O Processo de Ensino-Aprendizagem na Umbanda

Por: Gregorio Lucio

Pensando a respeito do processo de ensino-aprendizagem, na cultura umbandista, gostaria de compor algumas linhas sobre o tema.

Diferentemente de um fato que ocorria no meio umbandista até poucas décadas atrás (até a década de 90), em que pouquíssima coisa havia sido registrada e transmitida utilizando-se do recurso do livro e, posteriormente, da internet, hoje, vemos uma grande proliferação de obras literárias (acadêmicas ou não) tratando especificamente da Umbanda, sem contar outras falando das demais religiões pertencentes à cultura afro-brasileira, assim como uma grande diversidade de sites e blogs na internet, nos quais também existem conteúdos e informações (embora muitas vezes repetidos ou plagiados) a respeito deste universo religioso.

Não pretendo julgar a validade ou a qualidade do conteúdo presente nestes livros ou na internet, pois, naturalmente, existem aqueles de valor considerável e aqueloutros que, de fato, não merecem nenhuma consideração, tamanha a pobreza de idéias, a quantidade de conceitos equivocados, visões de mundo distorcidas, etc. 

E nem preciso ir muito longe. Pegando um autor famoso no meio, Rubens Saraceni, cito 4 livros de sua autoria e de seu “preto-velho” Pai Benedito de Aruanda (que teria sido Dante Alighieri), "Código de Umbanda", "O Livro das Energias", "A Gênese Divina dos Orixás" e "O Código da Escrita Mágica Simbólica" (sem contar aqueles livros tratando das histórias de Exus, como o Guardião da Meia-Noite e outros).

Tais obras contém uma infinidade de erros, omissões, prolixidades e falhas de informação no que se refere:
  • História das religiões: dizer que o Judaísmo é a religião mais antiga do mundo, quando qualquer pessoa que tenha feito até o ensino médio sabe, ou deveria saber, que a religião mais antiga da humanidade hoje é o Hinduísmo; 
  • Falhas em conceitos sobre mediunidade: 1º o autor diz que NINGUÉM, em nenhuma religião, filosofia ou doutrina espiritual, jamais tinha tratado do campo vibratório do médium...acho que ele nunca leu André Luiz, que desde 1940 fala disso, sem contar Matta e Silva, escritor Umbandista, que já desde 1959 escrevera a respeito deste assunto. 2º ele afirma que os médiuns na Umbanda trabalham, em determinadas linhas, incorporados com seres de natureza “extra”-humana, como elementais e outros, pertencentes a dimensões distintas do plano espiritual humano. Outro erro crasso, porque o mecanismo mediúnico ocorre pela ligação mental entre seres de mesma natureza. Naturalmente, os seres que estão envolvidos no mecanismo mediúnico podem ser mais ou menos evoluídos uns que os outros, mas jamais pertencentes a naturezas diferentes; 
  • Erros científicos clamorosos: só pra citar alguns básicos, afirmar que a partícula nêutron tem carga positiva..ou, que “a noite as plantas absorvem gás carbônico e liberam oxigênio durante o dia”, ou ainda que “nosso ar é uma combinação de vários gases no qual predomina o oxigênio”...
Tudo isso contido em obras que se dizem de Teologia e Doutrina de Umbanda...já pensou uma pessoa que não é da Umbanda, mas tem conhecimento, e pega esses livros pra ler? O que ela vai pensar da nossa religião...

Estou citando esses “pequenos” exemplos de erros deste autor, não porque eu tenha nada contra ele, absolutamente. Somente porque ele figura entre os mais famosos no meio. Outros, que nem são famosos então...é de chorar.

Bom, isso a parte...quero enfatizar que o processo de ensino-aprendizagem na Umbanda está diretamente ligado à transmissão oral (oralitura) e a experimentação multissensorial (que não envolve somente o uso do intelecto, mas de outras funções e percepções psíquicas). Ou seja, nesta prática religiosa, o conhecimento é transferido na interação direta e pessoal entre Pai (Mãe)-de-Santo e Filho-de-Santo, a qual ocorre pelos ensinos que são ministrados durante o dia-a-dia dos trabalhos – antes, durante e após estes –, nos ritos especiais e nas atividades específicas de iniciação (as obrigações, preparações ou amacis, de acordo com o termo usado em cada casa) pelas quais os adeptos passam, ao longo do seu aprendizado mediúnico.

Ter contato com os objetos e elementos do culto. Sentir os pés descalços no chão. Ouvir o som dos cânticos e dos instrumentos. Orar em silêncio. Rezar em comunhão com o irmão de terreiro. Mãos dadas. Observar o multicolorido das roupas, fitas e velas. Sentir os aromas das ervas, das defumações e das flores do ambiente. Perceber-se em transe, tomado por uma energia fora de si-mesmo. 

Tudo isso compõe um processo de aprendizagem que envolve múltiplas sensações e percepções, ampliando a experiência psicológica e espiritual pertinente à Umbanda. Trata-se de um conhecimento experimental, de um saber-fazer que só pode ocorrer na prática e na experimentação direta e interessada nas giras, nos trabalhos espirituais de toda e qualquer natureza que se desenvolvem dentro do terreiro. Essa condição que é dada ao filho-de-santo, a de “estar presente”, é que colabora para a gradual construção de uma “compreensão intuitiva” a respeito da realidade espiritual e dos sentidos profundos que estão “velados”, ocultos, nos trabalhos espirituais.

Dessa forma, na Umbanda, a porta para o acesso ao conhecimento espiritual está em “sentir” e “viver” esta forma de religiosidade. Ou seja, a aprendizagem de maior valor para essa cultura religiosa pertence ao que vem “de dentro” do adepto e não, necessariamente, às formas externas de aquisição de conhecimento. Ao longo dos anos, a relação subjetiva, interna e particular, com as entidades espirituais e com o seu Mestre Espiritual (Pai/Mãe-de-Santo) implica em revelações que vão sendo abertas para o médium a pouco e pouco.

As ferramentas para a aquisição do Saber, na Umbanda, dentro desta perspectiva “desde de dentro” do médium são as intuições, as descobertas interiores, as revelações, a dedicação, o interesse pessoal e o dom (aqui entendido como a capacidade inata do indivíduo de captar e receber orientações diretas do mundo espiritual). Todos esses fatores remetem a compreensão de que o modo de aprender na Umbanda está ligado a uma tradição que é vivida dentro do terreiro, aprendida e repassada, principalmente por meio da memória e da oralidade. 

Falando da oralidade, quero dizer que a fluência do ensino é transmitido da “boca ao ouvido”. Da boca do Chefe de Terreiro ao ouvido do(s) médium(ns). Isso tem uma força simbólica muito grande, pois ouvir diretamente um conhecimento transmitido por aquele que tem o papel reconhecido como o de Mestre, vai muito além do que ler algo distante e descontextualizado daquela tradição na qual o médium está inserido.

Entretanto, a Umbanda não marginaliza a leitura como fonte de conhecimento. Não há uma oposição ao livro ou a leitura. O que acontece é a acomodação da cultura literária como sendo uma experiência de segundo plano, complementar, e não a experiência central para a transmissão do conhecimento. Essa experiência central, quero ressaltar, pertence ao campo da experiência pessoal e subjetiva, da transmissão oral entre Mestre e discípulo e da memória conservada ao longo das gerações dentro do terreiro. 

Devemos compreender que os livros cuja temática é a Umbanda, colaboram para trazer esse universo religioso para uma dimensão menos marginalizada em nossa sociedade (pois nossa sociedade atual valoriza mais a linguagem escrita do que outras formas de linguagem). Podemos ver que atualmente há um interesse crescente por parte de historiadores, antropólogos, cientistas da religião, psicólogos entre outros pesquisadores no mundo acadêmico, em estudar a Umbanda e divulgá-la como um fenômeno religioso válido e com uma cultura rica e saudável, ao contrário do estigma que fora criado sobre a Umbanda, taxando-a como uma seita esdrúxula, repleta de crendices e práticas perigosas para a saúde psiquiátrica das pessoas.

Contudo, os livros, os blogs (inclusive esse que você lê) e os sites tratam sempre de aspectos externos, genéricos e superficiais da Umbanda. Eles falam daquilo que “pode ser falado” abertamente. Por isso, o cuidado que o adepto sempre deve ter ao ler e analisar tais obras a respeito daquilo que elas trazem e ensinam, pois muitas das vezes os livros estão refletindo o pensamento próprio do seu autor dentro daquela tradição que é seguida por este e que, naturalmente, não cabem dentro da tradição que seguimos particularmente. Vale como um ponto de informação e reflexão, mas nunca como “pedra de toque”. 

Os livros (os que detém conteúdos coerentes, é claro) também nos ajudam a entender a Umbanda como um fenômeno religioso, compreendendo seu desenvolvimento histórico e social, ensejando que tenhamos uma visão crítica/analítica de nossa religião, reforçando nossa identidade cultural-religiosa e sabendo situá-la perante a sociedade em que estamos inseridos.

Assim, enfatizo que as obras umbandistas (e espiritualistas em geral) são um recurso valioso para o médium e demais adeptos, mas que têm seu lugar bem definido e delineado na prática Umbandista.

Os conhecimentos centrais e profundos só são acessados pela experiência na prática cotidiana, no “estar presente” e interessado no terreiro, e pela transmissão oral, de “boca a ouvido” entre Pai(Mãe)-de-Santo e Filho-de-Santo...entre Mestre e discípulo.

Saravá a todos!

Bibliografia Consultada:
Chaves, Kelson G.O. (2012). Umbanda: Saberes e Tradição mágico-religiosa (in. Da Minha Folha, Múltiplos Olhares Sobre as Religiões Afro-Brasileiras)