sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Força que nos dá Vida

(capítulo extraído da obra Diário Mediúnico, autor Norberto Peixoto) 

Sou procurado frequentemente por dirigentes e médiuns de outros terreiros, buscando orientação. Como as portas da choupana estão abertas a todos que a procuram, sinto-me confortável em dar minha opinião fundamentada na umbanda que praticamos. Afinal, se nossa ritualística e seus usos e costumes estão servindo de balizamento para outros terreiros, fico tranquilo quando me chamam de intolerante, fundamentalista, coisa e tal.

Ninguém é obrigado a nada, e não abro mão de alguns fundamentos. É impensável, em minha modesta opinião e na dos guias que me assistem, praticarmos uma umbanda com imolação animal, corte ritual, sacrifício e derramamento de sangue, uma vez que essas práticas não combinam com a caridade, que é a essência da umbanda.

Antes de transcrever o conteúdo de uma carta – consulta – que me foi endereçada, farei algumas digressões, para depois abordar o foco deste capítulo, com base nos questionamentos de outro dirigente de terreiro que escreveu a missiva, sabedor de que o tema e meus pontos de vista serão polêmicos.

Como já é de regra e compromisso, os amigos espirituais capitaneados no astral por Ramatís, abordam esses assuntos segundo um escopo cósmico universal, que os outros espíritos não querem, por não poderem ou por falta de simpatia mesmo, extrapolando a doutrinação religiosa – evangélica – reencarnacionista, disseminada no meio, e espiritualista tradicional.

Não sou simpático à palavra “tolerância”, pois entendo que os que são tolerantes estão “autorizando” que alguém faça ou deixe de fazer algo, quando não estão suportando.

Em religião, fala-se sobre tolerância como se fosse necessário suportar algo menor, inferior e que nos incomoda. Como cada um é livre e pode decidir o que fazer de sua vida e de sua mediunidade, na verdade, não é necessária a tolerância de outro para fazermos o que temos que fazer. Claro está que a intolerância pode nos levar a agredir os outros, como acontece com os evangélicos neopentecostais, em relação aos cultos afro-brasileiros e à Umbanda.

Há de se considerar que o fato de eu não ser a favor dessa hipocrisia, que é a tolerância religiosa da maioria com as minorias, não me faz intolerante. Se não preciso autorizar o ato de quem quer que seja – e as pessoas não precisam disso –, e nem tenho esse poder, então, que cada um seja responsável por si e cuide dos “boizinhos em seu cercado”, como dizem no Sul.

A lógica é simples: se as pessoas não necessitam de minha autorização para fazer o que quer que seja, não estarão sujeitas a nenhuma ação repressiva de minha parte; e nem tenho poder. A tolerância e a intolerância, no fundo, são a mesma coisa: a primeira faz entender que possuímos o poder de permitir; e a segunda, de restringir.

Temos que respeitar a opinião do outro e seu direito universal de liberdade religiosa. Nesse sentido, tenho uma atitude passiva: só opino quando sou procurado. Com essa atitude, fico em paz com a justiça universal e precavido contra os ataques magísticos que naturalmente ocorrem contra um zelador de terreiro de umbanda.

A coisa é muito singela: se sou procurado, é o livre-arbítrio e a vontade de quem procura que estão atuando. Então, o Cosmo está ao “meu lado” e Xangô – orixá da justiça – me apoia.

Infelizmente, na atualidade do movimento umbandista, prega-se uma tolerância hipócrita e irrestrita à diversidade. Claro, desde que isso não contrarie os que assim pregam. Objetivamente, se você não faz matança em sua casa e não cobra, e posiciona-se contrário a essas práticas, fundamentando que isso nada tem a ver com a essência caritativa da umbanda, você é rotulado de retrógrado, fundamentalista, intolerante e sectário. Paradoxalmente, os que preconizam a tolerância irrestrita à diversidade tornam-se intolerantes, quando discordam do que dizem.

Hoje vivemos a umbanda do vale-tudo, em que se defende uma diversidade fundamentada em uma falsa tolerância, uma frágil convergência para angariar adeptos a determinada escola, um estreito respeito incondicional às diferenças. Desde que sua opinião não seja diferente da minha, tudo pode ser feito, tudo é umbanda, como se todos os pássaros pudessem botar os ovos no mesmo ninho, sem comprometer a ninhada.

Ah, algumas raposas estão rindo com isso, pode crer, com seus ninhos cheios de ovos “roubados”, que elas não conseguem botar. Ou seja, todos os fundamentos e preceitos de outras religiões são parte da umbanda, tudo é convergente, e a umbanda abarcaria todos os níveis de consciência.

Enfim, segue a transcrição da carta-consulta recebida, em que, por situação óbvia, omito os nomes dos envolvidos:

“Sou zeladora de um terreiro que herdei de minha mãe, que foi a fundadora. Faz onze anos que estou à frente do congá. Como estou me sentindo um pouco fraca, esquecendo as coisas, o que está me deixando insegura quanto à sintonia com meus guias, fui aconselhada por outro sacerdote de nossa religião a me fortalecer no candomblé, continuando na umbanda. Como é pessoa de grande influência em nossa comunidade religiosa, resolvi procurar o Ilê – terreiro – de candomblé que ele me indicou. Confesso que por curiosidade e também por receio de o contrariar e acabar perdendo o amigo, pois ele mesmo é iniciado nesta religião e expressivo líder umbandista. Então, no jogo de búzios desta casa, fui orientada a dar um bori para equilibrar, acalmar e centrar meu ori, para que eu possa continuar desenvolvendo meu lado mediúnico na umbanda. Sou umbandista e pretendo continuar a ser, como já disse, estou me sentindo muito fraca, com a cabeça cansada, raciocínio difícil. Confesso que fiquei ainda mais insegura após o jogo de búzios. Os médicos dizem que não tenho nada. As entidades da umbanda idem. Então, consultei os búzios com esta ialorixá – sacerdotisa –, por indicação e que já a conhecia de nome. Ela disse ter saído no jogo “odu de iniciação” e que também os búzios diziam que preciso passar por um bori, antes de qualquer coisa. Como a consulta de búzios já se estendia por mais de duas horas e eu havia feito diversas perguntas e conversado muito com a ialorixá sobre umbanda e candomblé, ela continuou jogando. Aí uma entidade (muito semelhante a um preto-velho) se manifestou comigo, mas não consegui sintonizar direito. Continuando o jogo, ela disse: “Olha aí, de novo odu de iniciação”. Não compreendi muito bem o que viria a ser exatamente isso, mas resolvi não perguntar, pois ela disse: “É, mas, antes de nos aprofundarmos mais, você precisa dar um bori para centrar e acalmar o seu ori”. Quanto à entidade que se manifestou, ela disse achar que era a vibração do orixá, confirmando a necessidade de dar comida à minha cabeça e que não era nenhum preto-velho ou outro trabalhador que me acompanhasse, pois ali não era permitida a entrada de eguns – espíritos. Gostaria de me fortalecer, quem sabe fazer o bori, e estou relutante, por causa do uso do sangue neste ritual. Sou ainda carnívora, moderada, comendo só peixes, então, não me considero melhor do que os que comem carne em ritos sagrados. É que minha consciência não se identifica com a imolação. O que realmente temo são as entidades de baixa vibratória que poderão ser atraídas pelo sangue, durante o bori e depois dele, e as consequências desse ritual em minha vida, pois, embora o sangue tenha propriedades magísticas reconhecidas, sei que atrai entidades densas e larvas astrais. Como boa estudiosa dos assuntos do plano espiritual, vejo-me diante de uma grande dúvida: dar ou não bori. Gostaria muito de uma terceira opinião, se for possível, pois, após o jogo de búzios, tenho a impressão de que fiquei mais perturbada, estou dormindo mal e com a impressão de que estou sendo vigiada a todo o tempo. 
Agradeço a Deus e aos orixás, se tiver uma orientação”.

Primeiramente, é preciso explicar o que quer dizer bori. Da união de duas palavras em ioruba, “bó”, que significa oferenda, e “ori”, que quer dizer cabeça, surgiu o termo aportuguesado bori, que, traduzido, significaria “oferenda à cabeça”. No aspecto ritual e litúrgico do candomblé, trata-se de uma iniciação à religião. Na verdade, uma expressiva iniciação, sem a qual nenhum noviço poderá passar para os rituais de raspagem e catulagem, ou seja, raspar a cabeça e, com o sangue derramado, fazer um corte ritual na altura do crânio, fixando o orixá – no rito dessa religião – no iniciante.

Então, bori é uma iniciação ao candomblé, com sacrifício animal, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais e demais graus iniciáticos, ou seja, é a primeira iniciação rumo ao futuro sacerdócio.

Na verdade, enfeixa-se a fórceps, de maneira violenta, uma energia no chacra coronário [centro de força espiritual, localizado no alto da cabeça, a coroa], em uma linha vertical, diretamente na glândula pineal, o centro orgânico receptor da mediunidade, fazendo literalmente o recém-iniciado “refém” de uma força exterior, que entendo seja um desencarnado, em conformidade com as leis universais que regem a vida dos espíritos no mundo espiritual, quer acreditemos nisso ou não, pois essa verdade independe de crenças e dogmas religiosos existentes na Terra.

O bori prepararia a cabeça para que o orixá pudesse se manifestar plenamente. Dentro do contexto religioso que é realizado, com sacrifício e sangue, em um rito de troca, bem como todos os outros demais elementos rituais que constituem a oferenda à cabeça, exprimem desejos e rogatórias comuns: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade. Caberia ainda ao ori – cabeça – de cada um eleger prioridades, em conformidade com seu odu – destino. Uma vez cultuando e renovando as oferendas como exigido, proporcionar-se-ia aos seus filhos, em troca do que se recebe, o que há de melhor e o que falta na vida de cada um.

Mais sério do que fazer a iniciação é ter de renová-la regularmente, bem como suas oferendas, sob pena de severas reprimendas e negatividades espirituais. Existe uma dependência fluídica dos espíritos que tomam conta da “cabeça” do iniciado, que, por sua vez, ficará dependente dos elementos, para que tudo em sua vida e em sua saúde corra bem.

Esse assunto é velado, segredo, mas a verdade é que existem muitas pessoas que obrigatoriamente tornam-se viciadas em agradar o “santo”. São as chamadas obrigações. Agrava-se essa situação pelo fato de tudo ser muito bem pago, principalmente o sacerdote que comanda o rito.

Com todo o respeito que tenho em relação a qualquer outro culto ou religião, especialmente ao candomblé, minha consciência não me permite aceitar e muito menos ser favorável a matar em um rito sagrado, mesmo que seja em outra crença. Nem cogito de ritos com outras finalidades que não sejam o intercâmbio com o sagrado, porque aí o caldo entorna de vez.

Entendo que a sacralidade, o divino, é, antes de tudo, uma ode – um canto de louvor – à vida planetária. Veneramos os orixás na forma nagô e absorvemos muito dos fundamentos de sua cosmogonia na umbanda, que praticamos em nossa choupana. Temos amparo dos orixás, de Nanã, Omulu, Iansã, sem precisarmos derramar uma gota de sangue.

Certamente, em vidas passadas, já fui sacerdote africano, líder de um clã tribal, matando para os orixás, almejando boas colheitas, fertilidade para as mulheres e saúde para as crianças. Contextualizando, isso não me faz melhor ou mais evoluído do que quem assim o faz hoje. É uma questão de entendimento e consciência. Meu espírito entende, hoje, que o culto aos orixás é diferente do passado e que o sagrado deve nos libertar e expandir nossa consciência, levar-nos ao zênite espiritual, de dentro para fora, sem fazer sofrer, despertando internamente nosso potencial crístico e atraindo perenemente, sem obrigações de oferenda para troca, pela lei universal de atração e afinidade, felicidade, saúde, prosperidade e bonança em nossas vidas. Deus é amor e todo provedor. Este é o papel de um sacerdote na atualidade – diferente de antigamente: mostrar aos seus filhos – iniciados – o caminho, que é só deles, sendo totalmente livres para seguí-lo ou não, sem quaisquer obrigatoriedades. É o livre-arbítrio que vai ditar a relação com o sagrado.

Então, como pode um bori combinar com a essência da umbanda, que é caritativa? Será que está faltando mediunidade na umbanda?

Já falei sobre esse assunto por diversas vezes; perdoem-me se vamos nos tornar repetitivos.

Precisamos pensar com surgiu na umbanda a vinculação com sua essência: fazer caridade. Sem dúvida, a ligação da umbanda com Jesus e com a caridade desinteressada foi instituída pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por intermédio da mediunidade cristalina de Zélio de Moraes.

Há de se refletir sobre o fato de esse canal mediúnico, desobstruído, natural, simples, não ter tido nenhuma iniciação na Terra, não ter feito raspagens e nunca ter precisado de sangue ou corte ritualístico para reforçar seu tônus mediúnico. A iniciação foi dispensada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, que preparou seu médium em muitas encarnações, antes da atual personalidade ocupada.

Está claro que os guias que estão conosco não precisam desse elemento para vibrar em nossas cabeças, em nossos chacras coronários [coroa mediúnica], e nossas glândulas pineais. Imaginemos as repercussões nefastas na mediunidade de um dirigente de umbanda que coloca sangue em sua cabeça. Pode continuar fazendo a caridade, mas com certeza não é mais livre em sua mediunidade, e outras entidades ocupam a frente de sua sensibilidade.

Tentem romper com ciclo de oferendas repositórias, para ver o que acontecerá com o tônus vital, depois de haverem raspado a cabeça em um bori.

Por que será que um “orixá” precisa de um elemento vital como o sangue para se fixar em um médium e não abre mão disso? Qual a intenção oculta dessa troca obrigatória? Pensemos: reduzir a movimentação energética – o axé e seu ciclo retrovitalizador –, que fortalece os aparelhos mediúnicos, ao derramamento de sangue pelo corte sacrificial, é uma visão estreita, fetichista, do sagrado, é uma posição reducionista, que demonstra dependência psicológica dos médiuns e dirigentes e dos espíritos do lado de lá, que vivem na crosta e precisam se alimentar fluidicamente, para não enfraquecerem.

Então, pegam uma parte etérea dessas oferendas para si, e o restante movimentam em favor daqueles que as ofertam. Nada de caridade, é tudo troca.

Na atualidade, verifica-se que esta “práxis” extrapola os limites de fé dos antigos clãs tribais e está inserida na variedade racial da sociedade, ao mesmo tempo confrontando-a, já que objetiva a manutenção financeira de cultos religiosos e o prestígio de seus chefes, dado que o sangue equivocadamente está ligado à força, ao poder, à resolução de problemas e à abertura dos caminhos. Saber manipulá-lo, ter cabeça feita, ser iniciado no santo simboliza esse poder. Esse apelo mágico divino atrai mais que retrai, pelo natural imediatismo das pessoas em resolver seus problemas.

Precisamos ter consciência de que o próprio aparelho mediúnico é o maior e o mais importante vitalizador do ciclo de movimentação das forças cósmicas ou axé. A cada batida de seu coração, o sangue circula em todo o seu corpo denso, repercutindo energeticamente nos corpos mais sutis [que compõem o nosso corpo espiritual] e volatilizando-se no plano etéreo. Dessa forma, os espíritos mentores, que não produzem essas energias mais densas e telúricas, valem-se de seus médiuns, que fornecem vitalidade necessária aos trabalhos caritativos aos necessitados.

Há os espíritos que são serviçais, diante dessas trocas, e escravos desses fluidos. São dignos de nosso amor, amparo e esclarecimento.

Quais seriam os motivos da popularização entre dirigentes e médiuns umbandistas do hábito de fazer iniciações em outros cultos? No caso em questão, seria para reforçar o tônus fluídico e mediúnico do dirigente.

Será que fazendo o corte ritual, no alto do crânio, assentando o “orixá”, ter-se-á mediunidade mais forte e maior vitalidade e saúde? Com certeza não. Infelizmente, cada vez mais se verificam terreiros que se rendem ao apelo mágico desse tipo de iniciação, introduzindo raspagens, camarinhas, cortes ritualísticos. Que “umbanda” é essa?

Nunca é demais relembrar o Caboclo das Sete Encruzilhadas. A manifestação mediúnica cristalina, inequívoca, em um jovem de dezessete anos.

Quem tem mediunidade, quem tem coroa para trabalhar já vem com ela antes de encarnar, não precisa pagar para ninguém firmar seu santo, assentá-lo em sua glândula pineal, com sacrifício animal e sangue.

Mediunidade é dom de Deus, de Olorum, dos Orixás.

Preservemos nossa pérola mais oculta, a sagrada mediunidade, na divina luz.

Louvemos nossa amada Umbanda, a força que nos dá vida, e não que a tira.

Refletiu a luz divina
Com todo o seu esplendor.
Vem do Reino de Oxalá,
Onde há paz e amor.
Luz que refletiu na terra,
Luz que refletiu no mar,
Luz que vem lá de Aruanda
Pra tudo iluminar.
Umbanda é paz e amor.
É um mundo cheio de luz.
É força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz.
Avante filhos de fé,
Como a nossa Lei não há.
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.

4 comentários:

  1. Emocionado com seu texto! Sou um incompreendido na umbanda por nao acreditar no sacrificio animal como um ritual necessário na nossa tão linda e alva religião... escrevi um texto de opinião a esse respeito no meu blog, e fui chamado pelo meu entao pai de santo de "muleque" e "safado"... As lagrimas que derramo são de alivio por perceber que não estou louco ... e que há sim na umbanda pessoas que prezam pelo conhecimento, reflexão consciente, bom senso, e principalmente, reverencia a mensagem dos pretos velhos e caboclos que são nosso pilar e ponto de partida... Salve a Umbanda! Parabens pelo texto e obrigado!

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    1. Diego,

      Fico feliz que tenha apreciado o texto. Somente gostaria de lembrar que o texto não é de minha autoria, ele foi escrito pelo médium Norberto Peixoto e está na obra Diário Mediúnico, conforme citação no início do texto, ok? Os louros por esse texto são para ele...rs.

      Entretanto, assim como ele e você, eu também me solidarizo com esse pensamento. Respeito o princípio cultural e ancestral dessa prática ritualística, mas também acredito que não é necessária dentro de um rito de Umbanda.

      Tanto é assim que eu somente me iniciei na Umbanda quando encontrei um terreiro no qual não se faz uso de nenhuma prática de sacrifício, assim como também não se utiliza de bebidas, cigarros, etc. Até a linha de esquerda não é cultuada no templo que frequento (respeitamos, é claro, mas não cultuamos).

      Me solidarizo com você, pois acho que, realmente, a Umbanda precisa de pessoas que desenvolvam reflexões analíticas/críticas a respeito de seu próprio universo religioso, para formarmos, não uma codificação, mas uma identidade própria e bem definida na sociedade hodierna.

      Como proposta particular para isso, eu criei o blog Umbanda de Nego Véio (www.umbandadenegoveio.blogspot.com), onde desenvolvo pequenos estudos a respeito do universo simbólico-religioso da Umbanda, numa tentativa de colaborar e fomentar análises e aprofundamentos sobre essa religião tão bonita, mas que carece muito ainda de ampliação no nível de consciência que está ligado a ela, por parte de nós mesmos, seus adeptos.

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  2. Ao ler seu texto fiquei muito preocupada. Acompanho a Umbanda devido à convivência com a minha mãe, mas sempre me identifiquei com o Espiritismo. Matança de animais nem pensar.Entretanto, devido a muitas dificuldades profissionais e depois de jogar búzios com pessoas diferentes, foi constatada a necessidade de fazer um bori. Honestamente, fiz sem entender o que significava. Estava desorientada e me apeguei à esperança que me deram. Gostaria de saber quais são as implicações disso na minha vida, o que devo fazer, pois não pretendo ser médium e nem me iniciar em nada.

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    1. Olá Riddy.

      Sinceramente, sob meu ponto de vista, não há implicação alguma. Você passou por um processo a que foi conduzida, segundo você mesma afirma, pela sua falta de conhecimento (sem entender o que era), por angústias de um momento da sua vida e por confiar naqueles que lhe propuseram essa saída. Essa prática do bori é cultural e não tem a intenção de fazer mal para a pessoa. É característica do candomblé e de alguns templos de umbanda, os quais devemos respeitar, sempre.

      Entretanto, nunca se esqueça de que você possui total liberdade para escolher o que quiser para a sua vida. Se você gosta do Espiritismo (entendo que você deva estar falando da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec), e quer seguir um caminho religioso, espiritual (o que não tem nada a ver com ser médium, você não precisa ser médium pra ser espírita, embora exista essa crença ingênua de muitos), então siga a Doutrina Espírita, que, aliás, é um caminho muito bonito.

      Saiba (acho que você já sabe) que são suas qualidades morais, a nobreza de seus atos, dos seus exemplos de vida, de comportamento, e a beleza dos seus sentimentos e pensamentos positivos, que atraem para junto de você as companhias espirituais iluminadas e as vibrações positivas que lhe amparam e lhe sustentarão enquanto você estiver empenhada na sua transformação interior para melhor.

      Enfim, se você passou por esse rito (bori) e, por um acaso, se comprometeu em fazer mais alguma coisa, simplesmente comunique, com respeito e educação, a pessoa responsável de que você não tem interesse em prosseguir, pois quer escolher outro caminho para sua vida.

      Sempre respeite e nunca maldiga as pessoas e os lugares que lhe ofereceram ajuda, mesmo você tendo optado por seguir outro caminho, ok?

      Fique com Deus. Que os Mentores de Luz, Nossa Senhora e Nosso Senhor Jesus Cristo te acompanhem.

      Gregorio

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