quinta-feira, 4 de julho de 2013

Os Baianos na Umbanda Branca

Por: Gregorio Lucio 

Os Baianos formam uma corrente de Guias Espirituais muito marcante e ativa na Umbanda, principalmente nos terreiros localizados na região Sudeste e Sul do Brasil. 

Segundo os dados históricos (Concone & Negrão, 1987; Prandi, 1991) as manifestações espirituais que dariam surgimento a essa corrente de trabalho, dentro dos terreiros de Umbanda, tida com pertencente à Linha das Almas em muitos destes (junto dos Pretos-Velhos, Boiadeiros e Marinheiros), iniciaram-se por volta da década de 1950, justamente num momento social em que ocorria a imigração em grande massa dos povos nordestinos para as grandes cidades urbanizadas que estavam se erguendo na região sudeste do país, com destaque a São Paulo e Rio de Janeiro. 

Pouquíssimo material se tem registrado no meio umbandista, de maneira confiável, a respeito dos Baianos. Uma possível explicação para isso se deve ao fato de que os Baianos constituem uma manifestação espiritual “recente”, se a compararmos com a tríplice manifestação ancestral que serve de base à religião de Umbanda, a qual corresponde aos Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças (tríplice manifestação ancestral). Os Baianos, junto dos Marinheiros e Boiadeiros, seriam o desdobramento, a ampliação da abrangência espiritual nos trabalhos realizados nas linhas, correntes e falanges firmadas nesta religião (Caboclo / Boiadeiro; Preto-Velho / Baiano; Criança / Marinheiro). 

Nos terreiros que os cultuam, podemos ver os Baianos atuando sob a regência dos Orixás nas Sete Linhas. Da mesma forma, é também muito comum vermos terreiros em que essas correntes são congregadas sob a regência de Nosso Senhor do Bonfim e/ou São Francisco de Assis. 

Sabemos que os Baianos, de maneira geral, foram indivíduos que tiveram suas últimas encarnações num período de tempo mais ou menos próximo da nossa atual encarnação. Foram “gente do povo”. Médicos, Farmacêuticos, Professores, Advogados, Agricultores, Artesãos, Mascates, Operários, Estudantes, etc. Somado a sua vida particular, foram também, em sua grande maioria, quando encarnados na Terra, cultuadores dos Orixás, antigos pais e mães-de-santo (no Candomblé ou na própria Umbanda), iniciados na Jurema/Catimbó Nordestino, médiuns Kardecistas, benzedeiros, erveiros, e outros afins, que viveram experiências entre as coisas da religiosidade Afro-Brasileira, do Catolicismo Popular, da Jurema/Catimbó e até mesmo do Kardecismo. 

Assim, estes espíritos tem um grande conhecimento das coisas do mundo espiritual, da manipulação das energias da natureza por meio das rezas e das oferendas para o tratamento de doenças graves ou demandas espirituais e, do “esclarecimento” de espíritos em condição de ignorância. 

Do ponto de vista da função social, os Baianos, particularmente, são entidades espirituais bastante identificadas com os problemas humanos do “dia-a-dia”. Isso justamente pelo fato que já tratamos: terem vivido num tempo mais próximo do nosso. São bastante populares e carismáticos. São amigos, grandes conselheiros e habilíssimos “professores” na “escola da vida”. Pelas próprias agruras e dificuldades que vivenciaram quando encarnados, sabem bem das aflições, ansiedades, anseios, expectativas e até mesmo as fantasias e infantilidades com as quais nos apegamos durante a vida, muitas vezes atrapalhando o nosso próprio amadurecimento e evolução. 

Dessa forma, são eles os “amigos espirituais”, verdadeiros Mentores, que estão abertos a lidarem com as necessidades humanas as mais diversas, desde questões financeiras, doenças complexas (inclusive de ordem sexual, pois embora inconfessas por muitas pessoas, causam grande aflição e prejuízo à saúde física e psicológica do homem e da mulher), até os casos de demandas intrincadas, envolvendo o desmanche, esclarecimento e encaminhamento de espíritos negativos no mundo espiritual. 

Tudo fazem, esses Espíritos em jornada de Ascensão, para o engrandecimento daqueles que são os seus Protegidos (individual ou coletivamente). 

Ao aproximarem a sua irradiação espiritual do seu protegido (médium ou não), os Baianos oferecem grande proteção e fortalecimento interior, de maneira sutil, utilizando sempre a Inspiração Positiva, a sugestão de Ideias Salutares, a transmissão de Sensações Benéficas e de Segurança Psicológica, quando buscamos a sintonia pelo ato da Prece e da Oração. 

Se somos médiuns dessas entidades, poderemos observar como esses conteúdos psicológicos extremamente felicitadores e gratificantes também ficam muito evidentes quando analisamos, meditamos e procuramos sentir em nós, o efeito do trabalho que estes Guias desenvolvem conosco ao longo das giras. Após o “transe” dos Baianos, é muito fácil para o médium identificar o quão fortalecido e inspirado ele fica, interiormente, como resultado da ação elevada que lhe é deixada e marcada em seus registros psicológicos. 

Que as irradiações destes grandes Companheiros da Luz nos alcancem a todos, em votos de Paz, Felicidade, Segurança Interior e Alegria de Viver! 

Saravá o Povo da Bahia!

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