quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rancor

(Capítulo da obra “Vitória sobre a Depressão” – pelo Espírito Joanna De Ângelis, médium Divaldo Franco).

“Essa aversão profunda, consciente ou não, que alguém experimenta contra outrem, é filha espúria do orgulho, esse dileto companheiro do egoísmo, que não admite ser desconsiderado ou sequer enfrentado nas mesmas condições.

O rancor é enfermidade moral que assinala muitos seres humanos, mantendo-os em estágio de inferioridade na escala da evolução.

Apresenta-se, inesperadamente, e tende a crescer, quando não combatido de imediato, atormentando aquele que lhe padece a férrea constrição moral, com sede de desforço, de reabilitação.

Muitas vezes, aquele que o experimenta nem sequer teria qualquer motivo para manter a animosidade profunda em relação a outrem que mal conhece ou de cujo convívio se afastou num momento de cólera e de ressentimento.

Não havendo uma explicação lógica para a sua presença ma emoção, em face da falta de motivo que o justifique, ei-lo que procede de existência transata, na qual enfrentaram-se os litigantes que ora se reencontram.

Os Soberbos Códigos estabelecem como impositivo básico da evolução a convivência fraternal e enriquecedora entre os seres humanos, ampliando os instintos gregários, através da qual desenvolvem-se os tesouros da amizade e do amor, da bondade e do socorro recíproco. Nada obstante, enquanto predominam as heranças do primarismo, o ego exige consideração imerecida, auto-considerando-se irretocável, elegendo uma postura falsa para reinar. 


Qualquer ocorrência menos feliz, algum acontecimento desagradável que o atinge, são suficientes para dar curso ao sentimento de rancor, que se transfere de uma para outra existência com a férvida paixão destrutiva em relação a quem passa a considerar como seu antagonista.

Reencontrando-o, reaviva-se-lhe no inconsciente profundo o acontecimento infeliz, nem sempre lúcido, ensejando-lhe a antipatia que se converte em aversão e termina como rancor.

Todos os fenômenos dessa natureza obedecem à programação divina, para que haja a recuperação do equivocado, a fim de que sejam anulados os ressentimentos através da convivência jovial, que apaga as mágoas mantidas.

Para que tal aconteça, no entanto, é indispensável que seu opositor, aquele que experimenta o sentimento de rancor, faculte-lhe o relacionamento, ao invés de evitá-lo, assim transferindo-o para o futuro, numa situação menos favorável.

O egoísmo, no entanto, sempre labora em favor da própria insensatez, exigindo reconhecimento do seu valor ilusório, e quando isso pode ocorrer, fecha-se num comportamento doblez, que impede a liberação do rancor.

O orgulho humano é mácula que desmerece a beleza do diamente espiritual que se é.

Compreendesse, o viajor terrestre, conscientemente, o significado da reencarnação e das excelentes concessões que lhe oferece, com facilidade enriquecer-se-ia de bençãos nos relacionamentos, trabalhando para a felicidade própria e geral.

Se alguém te inspira esse sentimento perverso e escuso, evita aprofundar-lhe as causas desconhecidas.

Sendo resultado de algum acontecimento atual que te amargura, concede-lhe o direito de ser feliz e de ter errado, não acumulando os tóxicos do ódio nas tuas delicadas engrenagens mentais.

Se não consegues identificar razões para a presença desse morbo que te enferma, abre o coração ao outro que, possivelmente, também experimenta algo muito complexo no seu mundo interior e necessita liberá-lo.

Não sejas aquele que se transforma em obstáculo ao Bem, criando situações embaraçosas que se convertem em amargura noutrem.

Abre o coração à fraternidade, e compreenderás como é possível diluir os vapores venenosos do rancor ao sol da compaixão.

Todos se equivocam, erram propositalmente ou não. Passada, porém, a ocasião, caem em si, dão-se conta do que cometeram e anelam pelo ensejo da reabilitação.

Ninguém passa incólume pelo mundo terrestre sem a dádiva do sofrimento – erro e acerto – inevitável para a conquista do conhecimento.

O programa da evolução é constituído por páginas desafiadoras para todos os níveis morais do Espírito em crescimento para Deus.

Aquele, porém, que opta para ser acusador do outro, como se fosse um raio de luz inatingível, conduz, além da soberba, o auto-desconhecimento que o mantém na ignorância das Leis de Deus.

Quando alguém prefere manter o rancor em relação ao próximo, desafia o Criador, que procura desconhecer, olvidando-se de que todos são Seus filhos, portanto irmãos em diferentes níveis de consciência.

Quem não é possuidor de sentimento de compaixão para com aquele que delinquiu, que tombou na senda de espinhos, não é credor de misericórdia nem de auxílio, apesar das necessidades que o dominem.

O antídoto, portanto, do rancor, é o perdão, gentil e nobre, que une as criaturas como verdadeiras irmãs que se auxiliam pela senda libertadora.

Assim sendo, não guardes ressentimento de ninguém, de nada, evitando tornar-se responsável por esse feroz inimigo agasalhando-se em outrem.

A vida imortal expressa-se pelo berço e pelo túmulo, que transforma em portas de acesso ao corpo, entrando e saindo, sem que haja qualquer alteração na sua gloriosa estrutura.

Vive, de tal forma que, ao atravessares a aduana tumular, possas despertar sem os espessos véus da ignorância obnubilando-te o discernimento ou a mente torturada pela implacável lâmina do rancor.

Amando integralmente toda a humanidade, Jesus distendeu a mensagem de esperança e de paz em favor de todos. Traído, vendido, negado por alguns dos Seus amigos, levado ao martírio da cruz, após as dilacerações ignominiosas do suplício, manteve-se afável e terno em relação a todos, incluindo aqueles que se Lhe fizeram inimigos implacáveis, mas que não conseguiram submetê-Lo.

Reflexiona bastante sobre isso, e nunca permitas no coração e na emoção a presença do vírus deletério do rancor”.

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